Por Sidney Alves
Quem é paraense sabe que a farinha do município de Bragança é imbatível! Este reconhecimento agora ocorreu nacionalmente, pois a nossa farinha foi um dos produtos apresentados na 3ª edição do ANUFOOD Brazil 2022, que é uma feira internacional exclusiva para o setor de alimentos e bebidas. O evento ocorreu na capital paulista, na São Paulo Expo, no período de 12 a 15 de abril.
A coordenadora do Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Estado do Pará, Karine Sarraf, falou das características do produto em conversa com o Pará Terra Boa, na sexta-feira, 22/04. O fórum é administrado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater-PA).
“A farinha de Bragança sempre foi reconhecida e recomendada principalmente por paraenses que foram morar fora. Ela é mais leve, mais crocante, não tem um sabor ácido, azedo, que às vezes encontramos em outras farinhas de mandioca de outras regiões. E isso fez com que a farinha de Bragança fosse muito bem vista pelo setor da gastronomia. Levado, é claro, pela propaganda que se faz da gastronomia do Estado, mas também incentivado por nomes paraenses, que vendem a cozinha do Pará. E lá fora, todo mundo quer conhecer este sabor diferenciado. Então, a receptividade está sendo muito boa, ela está sendo muito procurada”, afirma.
A farinha de mandioca de Bragança é bem granulada e possui um sabor específico e inconfundível devido à ação da fermentação e ao uso recorrente da mandioca brava, que contém maior concentração de ácido cianídrico em sua composição e passa por um processo de redução desse teor para se tornar apta ao consumo humano.
História
A farinha de mandioca já fazia parte do cotidiano dos índios que viviam na região antes do século XIX e, até hoje, sua produção segue um método específico, que envolve um período de fermentação de quatro a cinco dias de molho em reservatórios com água. Após ser descascada, a mandioca é colocada novamente de molho por mais 24h em água limpa e, em seguida, é triturada e colocada no tipiti (utensílio indígena que funciona como uma prensa) ou em prensa comum, para a separação do líquido (tucupi). A massa da mandioca, então, é escaldada e torrada.
Karine reforça a importância de um produto paraense se destacar no cenário nacional, estimulando o produtor local.
“Os produtos paraenses e da Região Norte como um todo, eles sempre foram muito localizados, sempre foram muito próprios para o mercado interno, para o mercado do Pará. Então, quando um produto recebendo destaque pela sua qualidade e pelo seu sabor diferenciado, não só a farinha de Bragança, pela sua crocância, mas também o queijo do Marajó que já recebeu prêmio internacional. Quando vemos esta visibilidade e esta valorização, nós conseguimos estimular o produtor local a não desistir do seu negócio”, explica Karine.
Cacau-queijo-farinha
O Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Estado do Pará foi criado em 2016 com o objetivo de fortalecer as indicações geográficas, marcas coletivas e cooperar para que se tornem uma estratégia de valorização de produtos e serviços do Pará.
“Desde 2016, quando o Fórum foi criado, nós já conseguimos o reconhecimento de três importantes indicações geográficas, o cacau de Tomé-Açú, a farinha de Bragança e o queijo do Marajó”.
Conforme contou Karina Sarraf, outras quatro marcas coletivas estão em processo de registro no Fórum Técnico de Indicações Geográficas e Marcas Coletivas do Estado do Pará.
“Ainda temos quatro marcas coletivas já registradas, a marca coletiva Aíra, ela já estava registrada antes do fórum existir, que são as cuias de Aritapera (comunidade ribeirinha de Santarém, que produz cuias artesanais), a outra marca é o Lar Tio Socorro (abrigo para crianças carentes, localizado no distrito de Mosqueiro), Nossa Mesa de Bar (comunidade ribeirinha no município de Baião) e a União das Águas (comércio de água mineral e podem ser admitidas pessoas jurídicas titulares do direito de concessão e da lavra da água mineral)”, contou.
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