O produtor rural precisa estar atento a um novo grupo de fungos encontrados em plantas de guaranazeiro chamados de pestalotióides, que engloba três gêneros (Pestalotiopsis, Pseudopestalotiopsis e Neopestalotiopsis) e causa doenças em uma ampla gama de hospedeiros, como plantas de açaizeiro e dendê. É o que mostram análises de laboratório realizadas pelo Laboratório de Biologia Molecular da Embrapa Amazônia Ocidental (AM).
O pesquisador da Embrapa Gilvan Ferreira da Silva, coordenador do Laboratório de Biologia Molecular, afirma que a descoberta é importante não apenas por revelar uma nova espécie, mas também por identificar um novo patógeno que pode se tornar um problema para algumas culturas de importância econômica em regiões tropicais.
Contudo, o pesquisador deixa claro que os produtores podem manter a calma, visto que o novo patógeno no momento ainda não é uma ameaça, o fungo tem sido observado no campo em baixa frequência, sendo necessário o monitoramento para entender melhor o comportamento do patógeno.
Em condições controladas de pesquisa, o fungo foi inoculado em amostras de plantas de açaizeiro (tanto na espécie Euterpe precatória, conhecida como açaí-do-amazonas, quanto na espécie Euterpe oleracea, o açaí-do-pará), dendezeiro, bananeira e seringueira, que são culturas estudadas na Embrapa Amazônia Ocidental.
Nos resultados verificou-se que o fungo Ps. gilvanii afetou palmeiras de açaí, tanto da espécie Euterpe oleracea quanto da E.precatoria. Assim como também afetou o dendê (Elaeis guineensis), mas não teve efeito patogênico para a bananeira (Musa paradisiaca var. pacovan) e para seringueiras (Hevea brasiliensis).
A pesquisa também indicou que o fungo N. formicarum não impactou seringueiras, mas afetou outras espécies testadas. Os sintomas causados pelos fungos pestalotióides manifestados nessas culturas também são parecidos com os da antracnose, outra doença que afeta o guaranazeiro, apresentando manchas de queima da folha que prejudicam a capacidade de fotossíntese das plantas.
Como os novos fungos foram verificados em algumas das cultivares clonais de guaraná, colocando em risco materiais que se destacam por serem bastante produtivos, serão feitas novas pesquisas para avaliação dos níveis de resistência e de susceptibilidade dessas cultivares diante desses novos patógenos.
Fonte: Embrapa Amazônia Ocidental