A monilíase é atualmente uma das principais ameaças à produção de cacau no Brasil, desde que casos da doença foram detectados no Acre e no Amazonas. O Pará segue livre da praga devido às medidas preventivas adotadas desde o surgimento das primeiras notícias sobre a infecção e, agora, deve fortalecer a estratégia com novos investimentos do Fundo de Apoio à Cacauicultura do Estado do Pará (Funcacau).
A monilíase é uma doença grave que contamina frutos do cacaueiro e do cupuaçuzeiro em qualquer fase de desenvolvimento. O sintoma mais evidente é a presença de uma espécie de pó branco na parte superior das frutas e que pode facilmente disseminado pelo vento, trazendo risco de perdas para a produção.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), já foram investidos mais de R$ 2,5 milhões em ações como a melhoria da qualidade das amêndoas; o envio de técnicos da Sedap, da Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará) e da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) para treinamento prática em identificação e controle da doença e medidas de fiscalização para evitar a entrada da doença no estado.
“No último final de semana, por exemplo, a Adepará apreendeu 126 sacas de cacau vindas do Amazonas transportadas sem as devidas condições exigidas pela legislação; esse trabalho minucioso é importante para evitarmos a chegada da monilíase”, explicou Dulcimar Melo, engenheira agrônoma da Sedap, à Agência Pará.
Além disso, o estado aprovou a criação Projeto de Fomento e Capacitação para a Melhoria da Qualidade das Amêndoas de Cacau no Estado do Pará, também voltado à prevenção da monilíase. O objetivo é capacitar cerca de mil produtores em práticas de fermentação e secagem de amêndoas que sejam mais sustentáveis e produtivas.
O programa que será lançado durante o Festival Internacional do Chocolate e do Cacau – Chocolat Xingu, que ocorre de 13 a 16 de junho, em Altamira.
“Por meio de recursos do Funcacau repassaremos cochos e estufas aos produtores, além dos treinamentos; o projeto também atenderá os técnicos que acompanharão os produtores, eles serão capacitados”, adiantou Dulcimar Melo.
Na programação do Chocolat Xingu será realizado Fórum da Cacauicultura da Transamazônica e Xingu para tratar dos desafios econômicos, sociais e ambientais da produção, debatendo pontos como os sistemas agroflorestais, o uso sustentável e conservação de recursos naturais, a organização social e a promoção da cidadania e inclusão social nas lavouras.
“Os temas serão debatidos por pesquisadores, professores e agricultores familiares. Será um dia de palestras integrando atores de toda a cadeia produtiva”, destaca a engenheira agrônoma.