No último ano, o Pará liderou a produção de cacau no Brasil com 149.396 toneladas de amêndoas. Para chegar a esse resultado muitos fatores contribuem, como as condições do solo e do clima, a variedade de sementes e os serviços de polinização prestados por insetos. Nos municípios de Tomé-Açu e Medicilândia, dois dos principais produtores de cacau do estado, a Embrapa Amazônia Oriental realiza um estudo para avaliar o trabalho desses animais em diferentes tipos de cultivo.
A iniciativa é do projeto PolinizaCacau que terá ações em 21 áreas com sistemas de produção distintos, como cultivos com baixa sombra ou pleno sol, consórcios de cacau com açaí, cacau em Sistemas Agroflorestais biodiversos e cultivos compostos. A investigação ocorre nos municípios paraenses e em Manicoré (AM).
“Queremos entender se as práticas realizadas pelos agricultores e a paisagem no entorno dos cultivos beneficiam ou não a polinização, e também gerar recomendações técnicas e práticas para melhorar esse serviço e assim contribuir para a atividade cacaueira na Amazônia”, explica a pesquisadora da Embrapa, Márcia Maués.
Outro aspecto de interesse da pesquisa é saber mais sobre o comportamento dos polinizadores em plantas de cacau geradas a partir de melhoramento genético, chamadas de clones, e naquelas que são resultado de cruzamento de plantas com características diferentes, chamadas de híbridos.
Em ambos os caos, Márcia Maués esclarece que presença de insetos polinizadores, como mosquitos, abelhas e moscas, é crucial para as plantas, pois são eles que carregam o pólen da parte masculina da flor até a parte feminina, o que proporciona o desenvolvimento de novos frutos.
Atualmente, o PolinizaCacau está na fase inicial promovendo a apresentação do projeto para agricultores das regiões atendidas antes de começar as ações de campo. Apesar disso, o trabalho já mostra seu potencial de ampliar o conhecimento sobre a importância da polinização e da biodiversidade para manter a cacauicultura como uma atividade econômica de referência.
“Eu não imaginava que era necessário um inseto para fazer esse trabalho. A gente só ouve falar em abelha para polinizar acerola, açaí, mas para o cacau não”, disse o agricultor José Valdir do Nascimento, de Tomé-Açu, ressaltando o aprendizado com o projeto.