O Pará é o maior produtor de mandioca no Brasil, com uma representatividade de 21,95% da produção brasileira, segundo estimativa divulgada no último dia 14/01 pelo Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Dentre os Estados da Região Norte, a produção paraense representa aproximadamente 61,57%.
Diante desse cenário, cientistas no Pará trabalham há anos com o desenvolvimento de cultivares de mandioca mais resistentes a pragas em nosso Estado. Na região de Santarém, por exemplo, os pesquisadores identificaram que a doença que afetava a produção da mandioca era causada pelo fungo Fusarium solani.
A presença do fungo ocasiona podridão nas raízes da planta, reduz capacidade de produção e diminui o resultado final na extração de farinha, tucupi e goma. Ele se propaga muito fácil pelas plantações, seja pela roda do trator ou pela sola do sapato de um trabalhador.
A partir da descoberta do causador das perdas de colheita da mandioca na região, foi dado início aos estudos e parcerias com órgãos e empresas locais. Pesquisadores e produtores trabalharam juntos no controle da doença. Nascia, assim, o projeto Maniva Tapajós, que começou em 2014 na Vila de Boa Esperança, município de Santarém.
O trabalho dos pesquisadores é encontrar variedade mais resistentes, trazê-las para o laboratório, eliminar o fungo e/ou a bactéria e devolver o material sadio ao produtor.
Por meio de parcerias com a iniciativa privada e com outras instituições de ensino e pesquisa, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Pará (IFPA), foi possível a implantação de laboratórios de micropropagação de plantas a fim de produzir material com qualidade genética e fitossanitária, livre de doenças, alavancando assim a produção no campo.
Nesses 7 anos de trabalho, o projeto hoje atende 50 produtores, com 5 unidades em 3 municípios: Santarém, Mojuí dos Campos e Belterra.
Manejo
O agrônomo Rogério Rangel, do IFPA, atua no campo com assistência técnica aos produtores de mandioca na região de Santarém. Ele afirma que um manejo correto da planta reduz as probabilidades de propagação do fungo, ou de outros causadores de doenças na mandioca, bem como aumenta a produtividade na ponta.
Primeiramente, Rangel destaca o cuidado com o solo, que precisa estar mais solto e fofo. A aração pode ser feita manualmente, na base da enxada, ou com máquinas. Em segundo lugar, ele recomenda a adubação e calagem. Como o solo na região de Santarém é ácido, é fundamental o uso de calcário na medida certa. A adubação pode ser feita com material orgânico, potássio e nitrogênio, por exemplo. Por último, Rangel cita os tratos culturais da lavoura.
“É preciso fazer uma boa limpeza do mato. A área deve estar limpa. Muitas vezes, o produtor deixa o mato crescer. Em vez de um pé de mandioca dar 5 quilos de raiz, dá 2″, diz.
Rangel afirma que a proposta é fazer com que o produtor ganhe até quatro vezes mais a partir das orientações técnicas.
“A Região Norte é a principal produtora de mandioca do País em volume de produção, mas perde em produtividade, que é quantidade de mandioca produzida numa área. A média nacional é de 15 mil quilos por hectare. A media paraense é bem abaixo da média nacional. A melhor média é da Região Sul, no Paraná, que ganha disparado com 25 mil quilos”, compara.
O agrônomo chama a atenção de que a ciência agrícola não oferece cultivar de mandioca que seja 100% resistente a pragas.
“A resistência 100% não temos, mas temos cultivares que toleram mais os ataques, que são as que estamos recomendando”, conclui.
Resultado
O projeto Maniva Tapajós conversou com o produtor Alessandro do Nascimento, que contou os desafios que enfrentava na produção da mandioca e os anseios dele e de toda a comunidade com a chegada da assistência técnica da iniciativa.
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