Áreas degradadas, cada vez menos produtivas e com retorno financeiro em queda devido aos altos custos com agrotóxicos e outros produtos químicos. Essa era a realidade de comunidades rurais do município de Paragominas, onde a monocultura de mandioca era vista como uma forma de obter mais ganhos, mas acabou trazendo mais prejuízos para os agricultores.
“Os nossos principais problemas sempre foram a falta de apoio e também a maneira que a agricultura vinha se desenhando, que era através do monocultivo com uso de defensivos agrícolas. Acabava que a gente gastava muito, produzia pouco e o ganho não era garantido e ainda tinha uma perda muito grande”, conta a produtora rural Jaqueline Silva.
A alternativa encontrada foi implementar sistemas agroflorestais (SAFs) para incentivar não só a recuperação florestal, mas também ampliar a variedade de alimentos cultivados, gerando novas oportunidades de comercialização. A estratégia deu resultados e ganhou ainda mais impacto quando chegou o apoio do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) por meio do projeto Restauração Florestal por Agricultores Familiares na Amazônia Oriental (Refloramaz).
“A gente estava iniciando um trabalho com agrofloresta e o Refloramaz surgiu multiplicando esse conhecimento. As vantagens são enormes porque a gente viu os primeiros plantios de 2021 poderem ser coletados em poucos meses. Primeiro veio o milho, depois tiramos o jerimum e assim sucessivamente. Não tivemos mais perdas, pelo contrário foram só ganhos”, afirma Jaqueline, que é uma das beneficiadas .
O Refloramaz é realizado em parceria com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD) e a União Europeia. O objetivo é estimular soluções sustentáveis em diferentes regiões do estado. No caso de Paragominas, o foco é em processos de recuperação florestal. Porém, a estratégia mostra que traz também benefícios para a economia das comunidades do campo.
No sítio de Jaqueline Silva, por exemplo, hoje, além de mandioca, tem também milho, cacau, açaí, jerimum e outros que servem tanto para subsistência quanto para comercialização.
“A agrofloresta nos proporcionou alegria, esperança, prosperidade, diversidade e muita união”, afirma a agricultora.
No total, sete famílias são atendidas pela experiência no município. Segundo o Sebrae, os resultados apontam para um aumento da produção do campo, ampliação de oportunidades de trabalho para os jovens e o fortalecimento da organização social.
“O nosso principal resultado é contribuindo com projetos de mitigação das mudanças climáticas e restauração de áreas degradadas. Já são 50 hectares restaurados em sistema de agricultura sem fogo, 19 hectares em sistemas de SAF Cacau e 350 hectares com pecuária”, ressalta Renata Silva, gerente de sustentabilidade do Sebrae no Pará.