Um composto encontrado em algas marinhas pode oferecer a solução para reduzir as emissões de gases do rebanho brasileiro. A produção de um suplementar alimentar com o aditivo denominado bromofórmio é a aposta da startup Rumin8, que desenvolveu e patenteou uma forma de obter a substância em laboratório. O objetivo é inserir o produto na alimentação e aproveitar o potencial do mercado brasileiro.
Os estudos preliminares realizados em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostram que o insumo favorece o aumento da produtividade na pecuária. Os animais que receberam o aditivo apresentaram um aumento de 9% no ganho de peso. Além disso, as pesquisas indicam que o bromofórmio pode reduzir em até 85% as emissões de metano gerado durante a digestão dos bovinos.
O gás é um dos subprodutos da transformação dos açúcares em energia pelo animal, seno expelido em grande parte pela boca, por isso o metano é conhecido como “arroto do boi”.
Com as boas perspectivas do produto, a empresa recebeu recentemente o aporte da gestora de impacto Good Karma Partners (GK). Para o fundo, o negócio é promissor, já que atualmente o Brasil tem o segundo maior rebanho do mundo, com mais de 234 milhões de cabeças de gado.
“O que mais nos atraiu na companhia é que ela entende a visão do produtor e tenta construir um produto que faça sentido economicamente”, diz Raphael Falcioni, sócio da GK, em entrevista à Reset.
Outro fator atrativo para o investimento na startup é o foco direcionado às necessidades dos produtores. Além da preocupação com a produtividade, a elaboração do suplemento tem levado em conta as características da pecuária que é em grande parte extensiva, ou seja, a formulação precisa compatível com a alimentação do gado criado solto no pasto.
“O produto pode ser solúvel em água, ou então misturado com os minerais que fazem parte da dieta”, esclarece Falcioni, que espera disputar o mercado com companhias como a Bovaer e a Cargill.
A expectativa é que a licença para comercialização do bromofórmio seja concedida no prazo de 12 a 18 meses. A Rumin8 tem hoje uma planta piloto instalada na Austrália, e a fábrica com capacidade de produção de 25 mil doses diárias deve ser inaugurada até o fim do ano.