A demanda crescente por práticas sustentáveis na agricultura tem impulsionado a busca por profissionais qualificados para o desenvolvimento de projetos de restauração de áreas degradadas e de produção de alimentos sem uso de agrotóxicos e outros produtos químicos. Esse novo cenário criou um ambiente favorável para o crescimento de negócios de consultoria especializada em conservação do solo, aponta reportagem da Folha de São Paulo.
Um dos indicadores dessa tendência vem do avanço do mercado de bioinsumos, que são produtos feitos de microrganismos, vegetais ou materiais orgânicos e usados na agricultura para combater pragas e doenças e melhorar a fertilidade do solo. De acordo com a CropLife Brasil, o setor cresce em média 20% por ano.
“Cerca de 40% dos solos agrícolas têm algum nível de degradação no Brasil. Entre os métodos de recuperação, o uso de plantas de cobertura e produtos à base de microrganismos é o mais recomendado. Felizmente, observamos um aumento dessa prática no campo”, comenta Maurício Cherubin, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq).
Para aplicar essa e outras soluções no campo, a orientação profissional adequada é essencial e já se nota os efeitos disso no mercado de trabalho. As principais demandas atuais são por profissionais da área de agronomia, mas também surgem mais oportunidades para quem é formado em engenharia florestal e geologia, que prestam serviços de geoprocessamento e sensoriamento remoto e de coleta e tratamento de dados para análise do uso da terra.
“Atendemos cerca de 200 produtores por mês. Apesar de ser uma empresa pequena, não enfrentamos dificuldades para conseguir produtores interessados em assistência técnica. A gente acaba criando um vínculo com eles, porque o nosso acompanhamento dura cerca de três anos”, conta Eduardo Carniel que abriu uma microempresa para atender pequenos agricultores do sul do país.
As necessidades nas várias regiões do Brasil são diferentes, porém os especialistas da área reforçam que empresas e cooperativas agrícolas estão cada vez mais interessadas em projetos de transição de solo e na difusão de conhecimentos sobre soluções produtivas mais sustentáveis.
“Os maiores desafios são as qualificações técnicas especializadas e a conexão do produtor com as tecnologias que já existem”, afirma Rodrigo Demonte, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).