A 29ª Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas (COP29) se encerrou nesta sexta-feira, 22, sem a divulgação de um acordo final. Um dos pontos-chave da discussão, que era a definição de uma nova meta de financiamento climático, ficou com valores abaixo do esperado conforme rascunho divulgado pela própria presidência da COP.
De acordo com o documento, os países devem trabalhar juntos para aumentar o valor de financiamento visando alcançar pelo menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035, incluindo recursos de fontes públicas e privadas. Em outro ponto é informado que as partes devem trabalhar para mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano, sendo que os países desenvolvidos sinalizam a intenção de alcançar US$ 250 bilhões até 2035.
A expectativa antes do evento é que esse valor fosse de mais de US$ 1 trilhão, já que as metas anteriores não estavam sendo cumpridas e devido ao agravamento das mudanças climáticas. Oficialmente, as negociações ainda não foram encerradas e não houve divulgação de um acordo final, como é esperado em todas as COPs onde deve ocorrer um consenso entre as partes.
Os impasses nas negociações já eram temidos desde antes do início da COP29, inclusive pela comitiva do Brasil que presidirá a COP30 e deve ter reflexos na agenda do próximo ano.
“O fracasso não é uma opção. Isso pode prejudicar tanto a ação de curto prazo quanto a ambição na preparação dos novos planos nacionais de ação climática, com possíveis impactos devastadores, já que pontos de inflexão irreversíveis estão se aproximando. Isso inevitavelmente dificultaria o sucesso da COP30 no Brasil”, alertou o secretário-geral da ONU, António Guterres, em comunicado à imprensa nesta sexta-feira.
Destacando a importância do tema e a necessidade de que os países assumam compromissos compatíveis com as suas responsabilidades pelas mudanças climáticas, Guterres apelou para que mais recursos sejam direcionados ao financiamento climático sob o risco de agravar a crise que o planeta já vive.
“O financiamento não é uma esmola. É um investimento contra a devastação que o caos climático sem controle infligirá a todos nós.É um adiantamento para um futuro mais seguro e mais próspero para todas as nações da Terra. Portanto, precisamos progredir e usar o progresso que já fizemos como base”, destacou Antonio Guterres.
Organizações sociais brasileiras consideram a proposta muito ruim e já convocam uma mobilização entre os negociadores, informa a Agência Brasil. O encerramento previsto para esta sexta, 22, deve ser prorrogado até que se chegue a um consenso.