O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, cobraram, nesta quarta-feira, 23, que os líderes mundiais entreguem metas ambiciosas de redução de emissões de carbono. Apenas 10% dos países apresentaram suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas, as NDCs, que são os esforços individuais no combate às mudanças do clima.
As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) são os esforços individuais que os países assumem para reduzir suas emissões de gases poluentes e fortalecer o combate às mudanças do clima, evitando que o planeta aqueça mais do que 1,5ºC. As novas metas deveriam ter sido entregues em fevereiro, mas até agora apenas 10% dos países apresentaram suas NDCs. O prazo prorrogado vai até setembro.
A cobrança foi feita durante a cúpula virtual que reuniu com 17 chefes de Estado e de governo, com foco na mobilização para a COP30, que ocorre em novembro em Belém.
Em seu discurso, Lula fez um apelo abordando a vulnerabilidade dos países do Sul Global e a responsabilidade das nações mais desenvolvidas. Ele alertou ainda sobre os efeitos das mudanças climáticas que já estão sendo observados, como a pior seca na história da Amazônia e o aumento da temperatura do planeta acima da meta de 1,5ºC prevista no Acordo de Paris.
O presidente também pediu apoio dos líderes às iniciativas que o Brasil está propondo no contexto da COP30, como Iniciativa Global pela Integridade das Informações sobre a Mudança do Clima, que busca combater o negacionismo climático, e a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, sigla em inglês), que tem o objetivo de remunerar países em desenvolvimento que preservam suas florestas.
“A arquitetura de preparação das NDCs é suficientemente flexível para combinar metas ambiciosas e as necessidades de desenvolvimento de cada Estado. Os países ricos, que foram os maiores beneficiados pela economia baseada em carbono, precisam estar à altura de suas responsabilidades. Está em suas mãos antecipar metas de neutralidade climática e ampliar o financiamento até o objetivo de US$ 1,3 trilhão”, defendeu o presidente.
Entre os participantes da cúpula virtual estavam os presidentes da China, Xi Jinping; da França, Emmanuel Macron; da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, além de países impactados por questões ambientais. Para o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, um bom resultado já foi sinalizado pela China que deve apresentar uma NDC com redução em todos os setores da economia.
“A China esteve presente na reunião e não apenas anunciou que produziria suas NDCs, mas o presidente Xi disse que essas NDCs vão abranger todos os setores econômicos e todos os gases de efeito estufa. Esta é a primeira vez que a China joga luz sobre essa questão e isso é extremamente importante para a ação climática”, disse Guterres.
A ideia de que a COP30 seja um “grande mutirão” em prol da implementação dos compromissos climáticos também foi lembrada pelo presidente Lula, que cobrou compromisso dos líderes com soluções para a crise.
“Guerras, corridas armamentistas e cortes na ajuda ao desenvolvimento e no financiamento climático nos empurram para trás. O planeta já está farto de promessas não cumpridas”, afirmou.