Por Fabrício Queiroz
A realização da COP30 em novembro deste ano em Belém vem sendo acompanhada por uma série de desafios. O recente anúncio de retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e a falta dos recursos necessários para apoiar medidas de mitigação e adaptação são apenas alguns dos desafios que a cúpula do clima deve lidar. Apesar disso, a diretora-executiva (CEO) da COP30, Ana Toni, acredita que a conferência vai deixar impactos positivos local e globalmente.
Em entrevista coletiva na quarta-feira, 16, Ana Toni acredita que a conferência ajuda o País a se posicionar como referência em uma questão de importância mundial, com capacidade de influenciar a decisão de outros países. No mesmo sentido, ela observa que o evento também traz visibilidade para as estratégias adotadas aqui para geração de energia limpa e reflorestamento, por exemplo, ou a necessidade de buscar meios para garantir recursos para a adaptação e avançar no debate sobre transição justa.
“O Brasil tem a oportunidade de mostrar para o mundo esse potencial de ser um grande provedor de soluções climáticas. Os ministérios e o setor privado brasileiro já estão se mobilizando para isso e um dos legados que a gente pode ter é atrair muito investimento para o Brasil em tecnologias de baixo carbono”, avalia Ana Toni, que também é secretária Nacional de Mudança do Clima, do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Além disso, a CEO da COP30 considera que a conferência também pode ser decisiva para promover o desenvolvimento da cidade-sede e soluções para a conservação da Amazônia. A expectativa é que durante o evento já esteja em operação o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, em inglês) que promete recursos para beneficiar as pessoas que ajudam a proteger as florestas.
“Para a política pública nacional, o maior legado vai ser o Plano Clima que está sendo construído. A gente vai chegar na COP com a entrega do nosso Plano Clima”, adiantou Ana Toni, acrescentando que é esse plano que vai direcionar as medidas e ações que o país precisa tomar para descarbonizar a economia, reduzir emissões e garantir a adaptação das cidades aos efeitos da crise climática.
Círculos de liderança
Como a presidência da COP30 anunciou na sexta-feira, 11, a secreatéria comentou que conferência será organizada em quatro círculos de liderança voltados a alavancar temas-chave para o futuro do combate à mudança do clima e a mobilização global. Os grupos facilitarão debates sobre financiamento climático, povos e comunidades tradicionais e indígenas, governança climática e mobilização global. São eles:
- Balanço Ético Global: Liderado por António Guterres e Luiz Inácio Lula da Silva, com apoio de órgãos do governo brasileiro e da ONU. Irá promover diálogos com diversas lideranças (políticas, culturais, indígenas, empresariais, etc.) em diferentes regiões, incluindo áreas de crise climática. As contribuições (música, poesia, documentos, arte) serão apresentadas na COP30 e usadas para mobilizar a sociedade.
- Círculo de Ministros de Finanças: Liderado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Reunirá ministros da área, especialistas, setor privado e sociedade civil para discutir financiamento climático. O objetivo é apresentar propostas para apoiar a Presidência da COP30 na elaboração de um relatório sobre como mobilizar 1,3 trilhão de dólares anuais até 2035 para países em desenvolvimento.
- Círculo de Povos: Liderado pela ministra Sonia Guajajara. Visa aumentar a representação de povos indígenas, comunidades tradicionais e afrodescendentes junto à Presidência da COP30. Busca garantir que seus conhecimentos tradicionais sejam respeitados e integrados ao debate e soluções climáticas internacionais, complementando outras formas de participação já existentes.
- Círculo de Presidentes: Liderado por Laurent Fabius (presidente da COP21). Reunirá os presidentes das COPs de clima desde a COP21. O foco do trabalho será fortalecer a governança climática global e acelerar a implementação do Acordo de Paris.