Por Fabrício Queiroz
A economia aquecida e os diversos investimentos públicos e privados que o Pará vem atraindo nos últimos anos colocaram o estado em uma posição de destaque na criação de novos postos de trabalho. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) todos os setores econômicos apresentam resultados positivos no balanço entre admissões e demissões, no entanto, os grandes destaques são as áreas de serviços e a construção civil.
Somente no mês de setembro, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), do Ministério do Trabalho, mostra que foram 8.569 novos empregos, sendo que 2.005 deles, ou seja, cerca de 25% do total, foram em Belém, que sediará a COP30 no ano que vem. Esse foi o nono mês consecutivo de alta nos índices de empregabilidade do estado, totalizando 46 mil novos postos de trabalho neste ano. Esse é o melhor resultado em toda a região Norte.
“Estamos mantendo uma trajetória de crescimento e conseguindo fazer com que essa agenda econômica continue a se intensificar ainda mais. Tivemos no segundo semestre o Círio que traz um incremento na economia com os turistas e, agora, teremos a injeção do 13º salário, que cresceu acima de 10% em relação ao ano passado porque tivemos um aumento significativo do mercado de trabalho”, analisa o supervisor técnico do Dieese no Pará, Everson Costa.
Os dados apontam que os melhores desempenhos ocorrem nos setores de serviços, construção civil e comércio, que refletem bem a dinâmica econômica alimentada pelo estímulo de um grande evento, como a Conferência do Clima.
De um lado, os serviços, como hotéis, restaurantes, transportes e outros, e as obras de infraestrutura absorveram a maior parte da mão de obra porque estão mais diretamente ligadas aos preparativos da COP. Na outra ponta, os salários desses trabalhadores, com maior poder de compra, ajudam a incrementar a atividade do comércio que também precisa contratar mais.
E a tendência é que os números continuem em alta mesmo com a entrega de muitas obras previstas para 2025. Everson Costa avalia que, apesar de uma eventual diminuição de postos na construção, os demais segmentos devem ter novos picos porque serão ainda mais demandados tanto pelo evento em si quanto pelo modelo de desenvolvimento que está sendo fomentado no Pará.
“A previsão é que haja um aumento de turistas no estado porque a COP acaba estimulando essa curiosidade de conhecer a cidade e a experiência única do turismo na Amazônia. A expectativa é que, mesmo depois da COP30, o turismo possa gerar mais empregos, que hoje ainda são em grande parte informais ou sazonais. Com os novos equipamentos turísticos, o incremento das redes de hospedagem e do transporte, o setor pode permanecer aquecido e absorver a mão de obra de forma mais perene”, comenta.
Além dos resultados mais imediatos, que devem se refletir em mais riquezas sendo geradas, Everson Costa considera que a conferência do clima deve ser encarada como uma oportunidade para que o estado possa investir e dinamizar o potencial de atividades ligadas à bioeconomia, à inovação e à tecnologia. Mas para isso é necessário que outras políticas sejam fortalecidas, principalmente no campo da educação e da capacitação profissional.
“A geração de oportunidades de mais emprego e renda é um dos legados mais importantes que a COP30 pode deixar. A valorização da formação da mão de obra é o que vai agregar valor ao que já se produz e vai ajudar a verticalizar a nossa economia”, afirma Everson Costa.