Organizações indígenas dos nove países que contam com o bioma em seu território lançaram, durante a COP16, em Cali, na Colômbia, a criação do G9 da Amazônia Indígena. Esta aliança surgiu com os objetivos de defender os interesses desses povos e pressionar os governos por medidas para a crise do clima. Entre as demandas do grupo está o desejo de liderar as negociações da COP30, que será realizada em Belém, em 2025, a partir de um cargo de copresidência.
“A COP30 será no nosso território. Não aceitaremos que as discussões aconteçam sem a devida consulta e participação das nossas vozes e autoridades. Reivindicamos a copresidência da COP de Clima no Brasil para que o acúmulo de nossos conhecimentos e experiências ancestrais possam oferecer ao mundo a oportunidade de um outro futuro”, diz o G9 no manifesto denominado “A resposta somos nós”.
A presidência das COPs é um cargo estratégico ocupado por um representante do governo responsável pelas negociações com os mais de 190 países da Convenção sobre Mudança do Clima. A expectativa é que a presidência da COP30 seja anunciada durante ou depois da COP29, em Baku, no Azerbaijão.
Até então nenhuma conferência contou com uma copresidência, no entanto as entidades indígenas reforçam que sua perspectiva é importante para propor ações de combate à emergência climática. Nesse sentido, o G9 deixa claro que um dos caminhos é não permitir mais projetos de exploração de petróleo e gás na região.
“Não aceitaremos mais nenhum projeto predatório, que ameace nossas vidas, nossos territórios e a humanidade. Não aceitaremos mais nenhum projeto de petróleo e gás e qualquer outra forma de exploração predatória na Amazônia brasileira, em nossos territórios e nossos ecossistemas. Não haverá preservação da biodiversidade e nem territórios indígenas seguros em um planeta em chamas”, afirmam os movimentos.
O documento apela ainda pela retomada imediata das demarcações de terras indígenas no Brasil como uma política climática e a criação de mecanismos de financiamento direto para a proteção integral dos territórios e dos modos de vida das populações tradicionais.
O G9 da Amazônia Indígena é formado por organizações da Colômbia, do Equador, da Guiana, da Guiana Francesa, do Peru, do Suriname, da Venezuela, da Bolívia e do Brasil. Entre as entidades brasileiras que assinam a carta estão Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).