Um dos principais gargalos para a realização da COP30, em 2025, em Belém, é a falta de leitos de alto padrão suficientes para os chefes de Estado, diplomatas e outros representantes das nações integrantes da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas. De acordo com o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará, Raul Protazio Romão, a construção de um hotel modular na cidade vai atender às necessidades de acomodação desse público.,
O projeto chamado de “Vila Líderes” será uma espécie de “vila olímpica” dos negociadores e terá capacidade para 800 pessoas, segundo o site Reset. A construção modular deve aproveitar módulos pré-fabricados que encurtam o tempo de obra. O mesmo método já foi adotado no projeto do Espaço COP30 inaugurado neste ano.
Uma das vantagens da solução é que a construção será em uma área na avenida Júlio César, próximo do Hangar Centro de Convenções e do Parque da Cidade, onde devem ser instaladas as zona azul e verde que concentram a programação da COP, diminuindo o impacto dos deslocamentos das autoridades no trânsito.
“Vai dar certo”, garantiu o titular da Semas, sobre a realização da COP30, durante a II Conferência Brasileira Clima e Carbono, realizada em São Paulo.
O projeto se soma a outras estratégias adotadas para aumentar a oferta de leitos na capital, que prevê receber mais de 50 mil visitantes, mas possui cerca de 25 mil quartos disponíveis na região metropolitana.
Além da construção de novos empreendimentos em prédios públicos desocupados, o governo deve atrair navios cruzeiro para atracar no porto da cidade durante o evento e garantir mais 4,5 mil leitos e incentiva o cadastro de residências locais na plataforma Airbnb.
Política climática
De acordo com Raul Romão, a COP30 também deve representar um marco para a política climática e ambiental do estado com a estruturação do sistema jurisdicional de Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+) para a venda de créditos de carbono.
“Estabelecemos uma linha de base, de 2018 a 2022, então a média do desmatamento nesses anos, a partir dali, e todos os anos, entre 2023 e 2027, todos os anos em que o Pará deve reduzir o desmatamento, feitos os descontos de buffer, a gente se credita da redução de emissões e pode ir a mercado comercializar isso ou com países doadores”, explicou.
Na avaliação do secretário a COP de Belém também será significativa do ponto de vista da participação social, já que as edições anteriores realizadas no Egito e nos Emirados Árabes Unidos e mesmo a deste ano no Azerbaijão será em contexto de restrições. Raul Romão acredita que muitas pessoas estão “pulando a COP29 para vir para Belém”.
“A COP 30 em Belém vai herdar um passivo de participação social. Nas últimas edições, incluindo a que será realizada este ano, elas têm uma característica de negociação com negociadores de fato, não têm tanto engajamento social. Para a Conferência ano que vem, com a popularização da agenda climática, a expectativa é que haja uma reconexão com as pessoas, com a natureza, porque clima e natureza têm que cada vez mais verterem para o mesmo lugar, não podem ser assuntos estanques, ensilados, separados. Quem puder visitar Belém vai ver que as obras estão muito avançadas em frentes de mobilidade, de hospitalidade”, destacou o secretário à Agência Pará.