O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, afirmou na terça-feira, 21, que o legado esperado da conferência climática que vai acontecer em Belém, em novembro, passa pelo fortalecimento da participação da sociedade civil e um compromisso renovado com a agenda climática.
De acordo ele, o governo brasileiro quer que as populações locais se sintam parte do processo, contribuindo assim para o sucesso da agenda.
“Durante esse período preparatório, nós vamos ter muito diálogo com a sociedade civil, porque é essencial que eles estejam envolvidos no processo, porque depois, como na Rio 92, são as populações que têm que acreditar nessa agenda e que têm que contribuir para que essa agenda dê certo”, afirmou ele, logo após seu nome ter sido anunciado como presidente da COP30..
Corrêa do Lago afirmou que, através de um diálogo aberto e contínuo com a sociedade civil, incluindo ribeirinhos, indígenas, quilombolas, instituições acadêmicas e empresas, a preparação para a COP 30 busca construir um evento que reflita as diversas perspectivas e necessidades da população.
Para ele, a COP30 será equivalente à ECO 92, em relação ao impacto que poderá ter na percepção ambiental dos brasileiros. A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento foi um evento de grande importância global realizado no Rio de Janeiro em 1992. Reunindo líderes mundiais, cientistas e ativistas, a conferência teve como objetivo principal discutir e buscar soluções para os problemas ambientais que o planeta enfrentava, como a poluição, o desmatamento e as mudanças climáticas. Foi a partir dela que surgiram as COPs, Conferências entre as Partes.
“A Rio 92 teve um impacto muito grande sobre a maneira como o brasileiro percebeu a mudança do clima, percebeu o meio ambiente, a biodiversidade, então, tem uma dimensão nacional extremamente importante”, disse o presidente da COP30.
Saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris
O presidente da COP30 que a decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de retirar o país do Acordo de Paris terá um “impacto significativo” na preparação da conferência de Belém.
O tratado global sobre clima define metas de redução de emissões de gases do efeito estufa para tentar frear o aquecimento global.
“Estamos todos ainda analisando as decisões do presidente Trump, mas não há menor dúvida que terá um impacto significativo na preparação da COP e na maneira como nós vamos ter que lidar com o fato de que um país tão importante está se desligando desse processo”, disse Corrêa do Lago.
Corrêa do Lago afirmou que o anúncio de Trump foi “político”, mas destacou que os Estados Unidos continuam sendo membro da Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre o Clima (UNFCC) e que há canais abertos para diálogo. De acordo com ele, estados, cidades e empresas do país têm se envolvido no debate climático.
“É uma decisão soberana de um país, de sair de um acordo, mas isso não quer dizer que necessariamente esse acordo não possa encontrar uma forma de contornar a ausência desse país”, disse.
Segundo o embaixador, os Estados Unidos têm um papel relevante não só por ser a maior economia do mundo, mas por ser um dos maiores emissores e por trazer respostas à mudança do clima por meio de desenvolvimento de tecnologias. “Os Estados Unidos são um ator essencial”, afirmou o embaixador.
ECO92
Segundo ele, o evento que ocorrerá na Amazônia é visto como uma oportunidade para reforçar essa consciência, especialmente entre as comunidades que vivem no bioma, que “é considerado um mistério para muitos, inclusive para os próprios brasileiros”.