Por Fabrício Queiroz
“Eu vim aqui fazer uma fiscalização e estou satisfeito com as coisas que vi”. Foi com essa frase que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resumiu sua avaliação após visitar com uma comitiva ministerial algumas das principais obras em execução em Belém para a 30ª Conferências das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). São mais de R$ 4,5 bilhões investidos em cerca de 30 obras de infraestrutura, saneamento, mobilidade e conectividade para preparar a capital paraense para a cúpula do clima, que ocorre no mês de novembro.
O balanço do andamento dos projetos ocorreu nesta sexta-feira, 14, em cerimônia no Mercado de São Brás, primeira obra com recursos da COP30 já concluída. No início da manhã, o presidente visitou o Parque da Cidade, que é o espaço onde será concentrada a programação do evento com as instalações das zonas verde e azul, e sobrevoou as áreas de alguns canais que passam por macrodrenagem.
Em seu pronunciamento, Lula destacou que fez questão de indicar para a ONU que Belém deveria ser a sede da COP30 por acreditar que outras regiões do Brasil fora do eixo Rio-São Paulo merecem a oportunidade de receber investimentos e crescer.
“Eu resolvi ser desaforado. Esta COP vai ser na Amazônia para vocês conhecerem a Amazônia tal como ela é, conhecer o povo do Pará tal como eles são. Saber que a gente quer proteger a Amazônia, mas saber que debaixo de cada copa de árvore tem um ser humano vivo. São 29 milhões de pessoas que moram na Amazônia e os ricos têm que fazer financiamento”, declarou o presidente, citando o desafio de fazer com que os países mais ricos invistam US$ 1,3 trilhão para a adaptação às mudanças do clima nos países em desenvolvimento.
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Durante a cerimônia, o governador do Pará, Helder Barbalho apresentou dados sobre o andamento das obras na capital. Um dos destaques é o Parque da Cidade com 75% dos serviços concluídos. A previsão é que o espaço seja inaugurado em agosto.
Além disso, Porto Futuro II, onde vai funcionar o Museu das Amazônias, um centro de bioeconomia e novos espaços de lazer, cultura e gastronomia, já está com 71% de conclusão. Os projetos dos parques lineares das avenidas Tamandaré e Doca estão com 55% e 58% de obras prontas, respectivamente. Já a ponte que vai interligar os distritos de Outeiro e Icoaraci, facilitando o transporte do público hospedado em navios de cruzeiro, ultrapassou 60% das obras executadas.
Helder também ressaltou que estão avançados os projetos de construção de quatro novos hotéis de alto padrão, de reforma de 17 escolas para oferecer acomodação no padrão hostel e de instalação da estrutura modular da Vila COP, área próxima ao Parque da Cidade destinada à hospedagem de chefes de Estado e delegações estrangeiras. Levando em conta esses projetos e os leitos já existentes, Barbalho diz que Belém terá condições de ofertar 50 mil leitos durante a conferência.
“Em Baku, na última COP, o dia em que houve maior demanda foram 28 mil pessoas. Portanto, hoje, com hoteis com aluguéis de temporada, com os cruzeiros, com escolas que estão sendo recuperadas e reformadas, nós garantimos com absoluta assertividade e apresentamos às Nações Unidas isto de que a questão da hospitalidade está garantida para quem quiser nos visitar”, afirmou o governador.
“Legado para se orgulhar”
Representantes dos principais financiadores das obras em Belém – a Itaipu Binacional e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) – também acompanharam a comitiva presidencial e destacaram que os investimentos realizados têm o objetivo de deixar um impacto positivo com melhorias para a população.
“Nós não estamos falando nem de pintar fachada nem de obras que são só para turista ou para os visitantes. Nós vamos mudar Belém com essas obras e vamos poder dizer que pela primeira vez uma COP veio para se instalar e acelerar processos e projetos que a cidade já precisava e que deixaremos um legado para que Belém, o Pará e o Brasil possam se orgulhar”, pontuou Tereza Campello, presidente em exercício do BNDES.
Ainda em Belém, diferentes ministérios fizeram anúncios em diferentes áreas com benefícios para o Pará e a Amazônia. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e o BNDES vão destinar, via Fundo Amazônia, R$ 45 milhões para que o Corpo de Bombeiros possa melhorar a estrutura de monitoramento e resposta às queimadas. Já o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) ampliou para R$ 300 milhões os recursos destinados à criação de centros avançados de pesquisa na região, além de investir na ampliação da estrutura do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e do Museu Paraense Emílio Goeldi.
“Eu saio daqui com a certeza que a gente vai fazer a melhor COP já realizada na história”, frisou o presidente Lula.