Um grupo de mais de 260 organizações brasileiras e estrangeiras divulgou uma carta em que cobra da presidência da COP30 a adoção de mecanismos de transparência e medidas contra a influência de lobistas dos setores de combustíveis fósseis e do agronegócio nas negociações da cúpula que ocorre em novembro, em Belém.
De acordo com o documento, as alterações climáticas levam a mais eventos extremos e a desastres, como as secas e as queimadas na Amazônia. Para combater isso, é preciso que os governos tenham metas mais ousadas de redução de gases do efeito estufa, só que esses acordos não têm avançado justamente devido à pressão dos setores poluidores nas COPs.
“Hoje, nós – uma coalizão de organizações, defensores e cidadãos que acreditam que a
transparência e accountability são essenciais para uma ação climática significativa – instamos a Presidência brasileira da COP30 e a UNFCCC a combater a influência indevida das indústrias altamente poluidoras nas negociações climáticas e a restaurar a confiança nos processos da COP”, destaca a carta.
Conflito de interesses
Para o grupo, é necessária a adoção de quatro medidas no curto prazo pela presidência da COP30, e no longo prazo pela UNFCCC. Uma delas é uma política de conflito de interesses, com a exclusão de lobistas de indústrias de combustíveis fósseis e outras poluidoras das delegações dos Estados. Outra recomendação é de incorporar padrões de transparência, em que todas as delegações e seus negociadores divulguem suas afiliações em uma plataforma pública.
Além disso, a carta pede que as parcerias e acordos com indústrias não envolvam atividades poluidoras e sejam submetidos à aprovação da UNFCC. Por fim, as organizações dizem que o processo de seleção da presidência das COPs deve ser revisto para as próximas sedes sejam em países com progressos na implementação do Acordo de Paris e que tenham planos claros para a ação climática e a defesa dos direitos humanos .
“Uma estrutura com transparência e accountability, que priorize as pessoas ao invés dos agentes poluidores, recuperará a confiança nos processos da COP e acelerará o avanço dos objetivos do Acordo de Paris. Sem essas reformas, há o risco de que a diplomacia climática global permaneça um exercício vazio, incapaz de combater a crise mais urgente da atualidade”, conclui. Para conferir o documento completo, clique aqui.