Por Fabrício Queiroz
A culinária é um dos pontos altos do turismo no Pará. Com a COP30 no radar, o tacacá, a maniçoba, o pato no tucupi, o recém-criado sorvete da COP, e outras iguarias devem chamar a atenção dos visitantes durante o evento e, por isso, os restaurantes e outros empreendimentos de alimentação fora do lar já vislumbram as oportunidades e os preparativos necessários para conquistar o público não só com o sabor dos pratos, mas também com boas experiências de atendimento.
Mais de 190 países fazem parte da Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas e todos devem ter representação na Conferência do Clima em Belém, o que cria um grande desafio para atender públicos com idiomas e culturas tão diversas. Para contornar as dificuldades de comunicação, os negócios locais já realizam uma série de medidas de adaptação, como a criação de cardápios bilíngues em português e inglês e busca de cursos para que garçons, maitres, baristas, barmans e outros profissionais aprendam uma língua estrangeira.
“Queremos assegurar que nossa mão de obra esteja apta a receber bem o público da COP30, entregando um serviço de excelência que valorize a hospitalidade local e esteja alinhado com as exigências internacionais”, afirma Rafael Menezes, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel Pará), que representa atualmente cerca de 200 negócios de alimentação em 20 cidades do estado.
As peculiaridades e restrições alimentares dos diferentes povos também é um ponto de atenção para os empresários desse segmento. Pessoas muçulmanas, por exemplo, seguem as orientações do alcorão para a culinária halal, em que carne suína e bebidas alcoólicas não são permitidos e a carne bovina deve ser consumida conforme algumas regras de abate.
Já quem tem tradição judaica segue os preceitos da dieta kosher, que tem entre suas regras a proibição de consumo de carne e leite e seus derivados em uma mesma refeição. Além disso, é esperado que durante a COP30 haja uma intensa demanda por pratos vegetarianos, veganos, livres de lactose ou glúten, entre outras restrições.
“Nosso objetivo é garantir que todos os visitantes se sintam acolhidos e seguros em relação à alimentação oferecida. Esse cuidado faz parte do compromisso do setor em oferecer uma experiência completa e inclusiva, respeitando diferentes culturas e ampliando a capacidade de atendimento dos nossos restaurantes”, destaca o empresário, que comanda uma rede de delivery de comida saudável com unidades em Belém e Ananindeua.
Para isso, outro desafio enfrentado envolve a necessidade de expansão e melhorias nos espaços, assim como a contratação de mais pessoal. Correndo contra o tempo, o empreendimento de Menezes contratou uma consultoria especializada para orientar projetos para tradução do cardápio e de aumento da produtividade.
No entanto, de acordo com a Abrasel, as linhas de crédito disponíveis e as condições oferecidas não são satisfatórias. Ainda assim, o setor acredita que, com as parcerias estabelecidas Sebrae, Senac, Conjove, Associação Comercial do Pará, Governo do Estado e outras entidades representativas do setor turístico, estará bem preparado para demonstrar todos os diferenciais que levaram Belém a receber o título de Cidade Criativa da Gastronomia pela UNESCO.
“Desde que a COP30 foi confirmada, temos articulado iniciativas de capacitação e incentivado a expansão e inovação nos negócios para atender ao grande público esperado. Nossa missão é garantir que os restaurantes e bares estejam prontos para oferecer uma experiência gastronômica que reflita a riqueza da nossa culinária e cultura, e que deixem um legado de desenvolvimento para o setor e para a cidade”, reforça Rafael Menezes.