Por Fabrício Queiroz
“A COP será realizada em Belém”. Com uma resposta curta e grossa dada nesta quinta-feira, 6, em Brasília (DF), Simon Stiell, secretário-executivo da UNFCCC, que é órgão das Nações Unidas responsável pela organização e condução das discussões das conferências do clima, deixou claro que não há possibilidade de ocorrer encontros ou parte da programação da COP30 em outra cidade ou estado que não seja a capital paraense.
As especulações sobre uma suposta transferência de parte da agenda da cúpula para outra sede não são recentes e foram sempre rebatidas tanto pelos governos brasileiro e estadual quanto pela própria ONU. A razão disso seriam os desafios logísticos e de infraestrutura enfrentados em Belém, como a necessidade de mais leitos de hospedagem.
Representantes da UNFCCC estiveram em janeiro na cidade para conhecer os planos das áreas de transporte, hospedagem, saúde e segurança e aprovaram as soluções e obras executadas e reforçaram o apoio aos governos locais para a realização do evento.
No radar de preocupações de Simon Stiell estão outras questões, como avançar em acordos para garantir US$ 1,3 trilhão anuais para o financiamento climático, isto é, recursos para que os países em desenvolvimento possam investir em adaptação às mudanças do clima; e nas entregas dos planos climáticos nacionais – conhecidos como NDCs -, que são documentos em que países definem metas para redução de emissões de gases do efeito estufa.
Para ele, o esforço global para combater a mudança do clima é urgente já que seus impactos são sentidos cada vez mais no cotidiano de cada pessoa.
“O financiamento climático não é caridade. É crucial para proteger as cadeias de suprimentos globais de desastres climáticos em espiral que estão alimentando pressões inflacionárias. É uma das muitas razões pelas quais a ação climática é cada vez mais uma questão em mesas de cozinha. Basta considerar o aumento dos preços dos alimentos, que têm as impressões digitais de secas, cheias, e incêndios florestais causados pelo clima por todo o lado”, afirmou Simon Stiell.
Em relação à COP30, que marca os dez anos do Acordo de Paris, Stiell diz que avanços foram conquistados, mas reconhece que nem tudo foi cumprido e, por isso, é preciso reafirmar compromissos sobre quem precisa fazer o quê, quando e com quais meios.
“A floresta amazônica e seus povos indígenas ocupam um lugar central na ação climática global. Representam tanto a necessidade urgente de proteção como o poderoso papel da natureza e da gestão coletiva na construção de um futuro sustentável”, destacou.