Por Fabricio Queiroz
O espaço de uma antiga loja de departamentos no centro comercial de Belém se transformou em um novo ponto de promoção da cultura e da produção artística regional. De portas abertas ao público, o Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA) já chegou movimentando a cena cultural da cidade com duas mostras que valorizam a diversidade das artes visuais. A visitação é gratuita.
Na exposição “RGB: as cores do século”, os visitantes têm contato com obras que celebram o centenário do artista venezuelano Carlos Cruz-Diez, falecido em 2019 aos 96 anos. O título “RGB” reforça a relação do artista com os meios digitais, onde a sigla se refere ao sistema de cores baseado nas cores vermelho, verde e azul que é utilizado em dispositivos eletrônicos.
Outro aspecto importante é que as obras não se tratam de empréstimos das criadas por Cruz-Diez, mas sim obras refeitas in-loco por artistas da região a partir das instruções que o criador fornecia em seu processo denominado “programação sistemática”, que busca valorizar tanto a mão de obra quanto as especificidades locais, conforme explica a coordenadora de pesquisa Ana Clara Simões Lopes.
“Cruz-Diez defendia que, na sua obra, a construção de significado se dava a partir do encontro com o espectador. Assim, acho que essa exposição é um convite pra que as pessoas se aproximem da obra desse grande pensador e construam suas próprias experiências cromáticas a partir de suas proposições”, comenta.
Já a segunda mostra que marca a inauguração do CCBA é a instalação “Para que não se acabe: catar memórias”, da fotógrafa Paula Sampaio. Paula é reconhecida pelos projetos e ensaios em que aborda os processos de migração e colonização na Amazônia, em que evidencia também os sonhos e histórias de vida das pessoas que encontra nesses caminhos.
Na instalação, a artista volta sua atenção para os principais sítios históricos de Belém localizados no bairro da Cidade Velha e da Campina, envolvendo também o tradicional Complexo do Ver-o-Peso. Para a curadora Vania Leal, a exposição tem o objetivo de provocar uma imersão no universo cotidiano desses bairros, para criar sentidos por meio dos registros da câmera.
Novo espaço cultural
O CCBA nasce consolidando um projeto de sucesso executado entre agosto e novembro de 2023, quando ocorreu a Bienal das Amazônias, que reuniu obras de 123 artistas e coletivos de toda a Pan-Amazônia, além da Guiana Francesa. Agora, a inauguração do centro cultural surge para oferecer uma nova vitrine para a diversidade criativa dos artistas da região.
O prédio tem 8 mil m² e quatro andares que foram adaptados para garantir a acessibilidade do público. Além dos espaços expositivos, o local conta com um café, uma loja e uma biblioteca para consulta pública. O projeto foi viabilizado com patrocínio master da Shell e do Instituto Cultural Vale, patrocínio do Mercado Livre e do Ministério da Cultura por meio da Lei de incentivo à Cultura.
Serviço: Centro Cultural Bienal das Amazônias. Visitação às quartas e quintas-feiras, das 9h às 17h; às sextas e sábados, das 10h às 20h; e aos domingos e feriados, das 10h às 15h. Entrada gratuita.
Endereço: Rua Manoel Barata, 400, entre as travessas Campos Sales e Frutuoso Guimarães, bairro da Campina.