Representatividade é a palavra que define este 19 de abril. Pela primeira vez, se comemora o Dia dos Povos Indígenas, uma mudança de nome importante na busca por fortalecer a identidade étnica, a diversidade e a luta dos nativos, Pela primeira vez, o País conta com o Ministério dos Povos Indígenas, em nível federal, e uma Secretaria dos Povos Originários, aqui no Pará, comandados por duas mulheres indígenas, militantes da causa: Sônia Guajajara e Puyr Tembé, respectivamente. E, ainda, outro fato inédito e significativo é a Funai ter uma indígena como presidenta: Joenia Wapichana.
Foi há exatos 80 anos que o Brasil reconhecia o 19 de abril como Dia do Índio. Influenciado pelo Marechal Cândido Rondon, Getúlio Vargas emitiu em 1943 um decreto-lei que estabelecia a data comemorativa.
No ano passado, no entanto, a Lei 14.402/22 determinou que o dia passasse a ser chamado oficialmente de Dia dos Povos Indígenas. A medida foi proposta pela então deputada Joenia Wapichana. O objetivo da mudança era “atualizar para uma nomenclatura mais respeitosa e mais identificada com as comunidades indígenas.” A medida, aprovada no Congresso Nacional, deixou de lado assim o termo considerado preconceituoso contra os povos originários.
Nada mais justo, uma vez que a cultura indígena está impregnada no nosso vocabulário, hábitos, nas nossas músicas, danças e também no conhecimento do poder medicinal das plantas.
A influência indígena
Hábitos como tomar um açaí com farinha e peixe assado e depois deitar em uma rede, tão comum no nosso Pará. é uma herança dos povos indígenas.
Uso de utensílios como a cuia e o tipiti, usados para fazer o tucupi, um dos ingredientes mais importantes da culinária paraense, são de origem indígena. Assim como tomar banho todos os dias e tirar os sapatos para entrar em casa.
As canoas, jangadas, armadilhas de caça e pesca foram criados pelos povos originários. Isso sem falar de instrumentos musicais, artesanato e o uso de utensílios feitos de barro e palha, como vassouras e vasilhas.
No carimbó, por exemplo, a forma de dançar, a roda que se faz, o chocalho e até mesmo o curimbó são instrumentos de referências originárias indígenas.
Vários dos nossos animais foram nomeados pelos indígenas, como arara, capivara, jacaré, jabuti, tucano, tamanduá e jibóia,
Nosso palavreado
E os termos usados pelos brasileiros, que nem imaginam que vem dos indígenas?:
Nossas frutas e comidas
Muitas das nossas frutas foram batizadas pelos nativos:
E também algumas comidas:
Nossos lugares
Algumas cidades paraenses têm nomes indígenas:
- Capanema: “Cáa” (Mato/floresta) e panema (infeliz ou azarado). Mato infeliz, devido a ausência de caças grandes que pudessem alimentar todos os indígenas da aldeia.
- Cametá: “Cáa” (Mato/floresta) ou “Mutã”, uma espécie de degrau instalado em galhos de árvores feitos pelos indígenas para esperar a caça ou para morar.
- Marabá: significa filho do prisioneiro ou estrangeiro. Também pode ser filho de uma indígena com um branco.
- Oriximiná: significando “o macho da abelha”, o zangão.
- Tracuateua: tracuá (uma espécie de formiga) e Teua (terra). Terra das formigas.
- Tucuruí: significa “gafanhotos verdes”, através da junção de tukura (gafanhoto) e oby (verde).
- Xingu: significa água boa e limpa.