Por Sidney Alves
O Pará Terra Boa conversou nesta quinta-feira, 24/02, com o velejador Vilfredo Schürmann, da conhecida Família Schürmann, que está no Pará desde o dia 13 para divulgar o projeto “Voz dos Oceanos”, com apoio da ONU, de conscientização da população mundial dos efeitos nocivos da poluição das águas por plásticos.
Na conversa, Vilfredo lamentou a contaminação dos rios que cortam o Pará pelo mercúrio do garimpo, elogiou as plantas medicinais do nosso Estado, torcendo para que o mundo conheça essa diversidade local, defendeu a reciclagem de plástico no Brasil, falou das delícias que comeu em Soure, se encantou com ribeirinhos de manguezais em Marajó e deu exemplos de efeitos das mudanças climáticas pelo mundo.
Além da capital e de Marajó, os integrantes da família ainda vão conhecer e conscientizar as populações de Limoeiro do Ajuru, Curralinho, Breves, Chico, Gurupá, Almerim, Prainha, Monte Alegre, Tapara e Alter do Chão. Eles partem de nosso Estado no dia 26 de março.
“É um absurdo a situação da poluição dos rios da Amazônia. O Governo Federal precisa regulamentar alguma solução. Porque a contaminação dos peixes dos rios com o mercúrio acaba afetando a população de todo o Pará. É uma cadeia destrutiva, ou seja, os rios contaminados alimentam de maneira prejudicial os peixes e prejudicam e muito a saúde da população local. Algo precisa ser feito com urgência para que seja mudada esta triste realidade”, sugere ele de forma contundente.
Um dos momentos mais emocionantes para a Família Schürmann, segundo Vilfredo, foi presenciar o cotidiano da população de Soure, no Arquipélago do Marajó.
“Quando estivemos em Soure, comemos caranguejo e turu (molusco encontrado nos troncos da vegetação dos manguezais) com limão. E achamos deliciosos. Mas também fizemos questão de participar do dia a dia das pessoas que vivem e trabalham nos manguezais do Marajó. É uma realidade que também estamos divulgando para todo o mundo. É impressionante”, relatou.
Com uma experiência inquestionável, a Família Schürmann tem presenciado de maneira intensa os impactos das mudanças climáticas pelo mundo. Vilfredo cita, por exemplo, o que ocorre em várias ilhas do Pacífico, Indonésia e Alasca.
“Eu posso dar vários exemplos sobre como está realidade de maneira bastante contundente ao redor do mundo. Por exemplo, várias ilhas no Oceano Pacífico estão prestes a serem inundadas. Também é gravíssima a situação do derretimento das calotas polares, causando o ‘crescimento’ dos oceanos. Outro caso que posso citar e que está relacionado com o aumento da temperatura mundial é que, na Indonésia, a capital do país (Jacarta) tem um dos índices de inundação mais rápidos do mundo. Existem planejamentos do governo federal da Indonésia para a criação de uma nova capital para o país. Outra situação grave é o aumento da temperatura do Alasca, causando o derretimento das calotas polares próximas, que vão elevar o nível do mar e tendo consequências gravíssimas”, alertou.
Sobre o tema que trouxe a família ao Pará, Vilfredo alerta que a chegada das festividades carnavalescas acaba resultando, consequentemente, no aumento de sujeira nas cidades.
“As pessoas precisam se conscientizar que o plástico é um dos grandes problemas mundiais quando o assunto é meio ambiente. Todos precisam entender que estes plásticos acabam indo para os oceanos, que têm fator primordial na regulação do clima e na temperatura do planeta. Outra triste realidade é que os microplásticos afetam de forma extremamente prejudicial as algas marinhas. Piorando a realidade de vida da fauna marinha, também afeta o oxigênio que respiramos”, avisa.
Com dados na ponta da língua da má contribuição do Brasil ao volume de lixo plástico no mundo, Vilfredo reforça que essa conscientização vem desde a necessidade de jogar o lixo no lixo, e não nas ruas. Por isso, a extrema importância dos projetos das Organizações Não Governamentais que fazem a reciclagem dos plásticos.
“Atualmente o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico do mundo. E já existem diversas ONGs espalhadas pelo nosso País, que realizam trabalhos muito interessantes de reciclagens. E a Família Schürmann apoia e divulga a importância da reciclagem dos plásticos, como também a coleta seletiva deste material. Temos como mudar esta triste realidade do Brasil. Depende apenas de cada um de nós. Todos somos as vozes dos oceanos”, disse.
Vilfredo reiterou como foi capturado pela magia da cultura paraense e que tem divulgado o que já viu para o mundo.
“É uma satisfação muito grande estar aqui no Pará. Fomos muito bem recebidos. Eu estou realizando um sonho. A cultura daqui é fabulosa e muito forte. Estamos divulgando tudo para o mundo inteiro. Ficamos muito impressionados com as plantas medicinais daqui. O mundo precisa muito conhecer a variedade de possibilidades encontradas aqui no Pará”, afirmou ele, com muito entusiasmo.