Ao longo dos séculos, a imensidão e biodiversidade da Amazônia tem encantado visitantes, cientistas e exploradores do mundo todo. O primeiro registro da região feito em filme é atribuído ao fotógrafo e cineasta luso-brasileiro Silvino Santos, cuja obra “Amazonas, O Maior Rio do Mundo” era dada como desaparecida há quase 100 anos. O material, no entanto, foi reencontrado e será exibido no Brasil e no exterior. A estreia ocorre nesta quarta-feira, 22, na Cinemateca Brasileira, em São Paulo.
A obra de Silvino Santos foi rodada em Manaus (AM), em 1918. A obra chamou atenção na época por expor aspectos da fauna, da flora e das populações originárias de uma região pouco conhecida e que atraia interesse pelo exotismo. Porém, quando foi exportada para receber legendagem, nos anos 1930, o filme despareceu. O reencontro ocorreu apenas em fevereiro deste ano, no Arquivo Nacional de Cinema da República Tcheca.
O trabalho do professor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Sávio Luís Stocco, especialista na produção de Santos, ajudou na identificação dos negativos em nitrato de celulose, que foram digitalizados e fizeram parte da mostra do Festival de Cinema Mudo de Pordenone.
Agora, “Amazonas, O Maior Rio do Mundo” chega ao Brasil e cumpre um circuito que inclui, além de São Paulo, as cidades de João Pessoa, Rio de Janeiro, Fortaleza e Manaus. Ainda não se tem notícias de exibição por aqui. No próximo ano, já há exibição prevista em Portugal.
Ao longo de 66 minutos, a obra retrata aspectos da fauna e flora, as cidades, a extração da borracha e de castanha e o povo indígena uitoto. Na reestreia, o filme terá ainda acompanhamento da trilha sonora inédita, composta pelo músico e professor Luiz Henrique Xavier.
“O filme serviu como janela importante da região, feita pela elite intelectual e comercial. Há uma mescla de gêneros, porque além de cinejornal é um filme comercial, por apresentar os produtos da região, um filme sobre animais, que eram muito populares, um filme de viagem, com interesse etnográfico, e com certo humor. Por isso ele foi muito elogiado na Europa”, disse Stocco à Folha de SP.