Os dados de desmatamento na Pan-Amazônia são alarmantes, tanto em extensão quanto velocidade. De acordo com o MapBiomas, que mapeou cada um dos nove países amazônicos, quase 125 milhões de hectares de vegetação nativa do bioma foram destruídos em 37 anos, uma perda de 17%.
Representantes da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela, todos membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), estão reunidos nesta terça e quarta-feira, 8 e 9, em Belém, na Cúpula da Amazônia, para discutir iniciativas para o desenvolvimento sustentável na região e formas de enfrentar conjuntamente os desafios do bioma.
O combate ao desmatamento é um dos temas centrais do encontro, No entanto, a proposta brasileira para uma meta comum de desmatamento zero ainda não é consensual entre os países amazônicos. A resistência da Bolívia, onde o desmatamento está em alta, pode dificultar o entendimento.
A seguir um resumo dos dados gerais registrados pelo MapBiomas:
- Desmatamento Acelerado: Desde 1985 até 2021, quase 125 milhões de hectares de vegetação nativa foram destruídos na Amazônia. Isso representa um aumento notável em relação aos 50 milhões de hectares desmatados até 1985. Ou seja, em apenas 37 anos, houve um desmatamento de 75 milhões de hectares, 50% a mais do que a área historicamente desmatada até 1985.
- Impacto no Brasil: O Brasil, que responde por cerca de 61,9% do território amazônico, perdeu 61,5 milhões de hectares de vegetação nativa nesse período, o que equivale a aproximadamente 82% do total devastado entre 1985 e 2021.
- Atividades Agropecuárias e Silvicultura: A maior parte das áreas desmatadas foi convertida para atividades agropecuárias e silvicultura, que aumentaram de 49 milhões de hectares em 1985 para 123 milhões de hectares em 2021.
- Cobertura Vegetal Atual: Até 2021, a Amazônia já havia perdido 17% de sua cobertura vegetal natural. No Brasil, a área de vegetação nativa do bioma amazônico corresponde a apenas 79% em 2021, indicando que a devastação já alcançou níveis preocupantes.
- Andes Amazônicos e Mineração: As geleiras dos Andes amazônicos perderam 46% de seu gelo no período analisado. A atividade minerária também expandiu-se significativamente, aumentando mais de 1.000%.
Os dados fazem parte da Coleção 4 de mapas anuais de cobertura e uso da terra do Projeto MapBiomas Amazônia, iniciativa resultante da colaboração entre a RAISG (Rede Amazônica de Informações Socioambientais Georreferenciadas) e a Rede MapBiomas, que mapeia as mudanças de uso da terra em todos os nove países amazônicos.
A plataforma MapBiomas Amazônia é uma ferramenta crucial para compreender as mudanças no uso da terra na região e monitorar as pressões sobre suas florestas e ecossistemas naturais. Ela oferece dados valiosos para pesquisadores, tomadores de decisão e a sociedade em geral, destacando a necessidade de um compromisso global para proteger e preservar a Amazônia e seus serviços ecossistêmicos.
A seguir, dados sobre cada país da amazônico, que inclui dados sobre o declínio da cobertura vegetal nativa e os impactos nas atividades agropecuárias e silvicultura.
Bolívia:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 48 milhões de hectares para 43 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte boliviana do bioma aumentou de 2 milhões de hectares para 8 milhões de hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico boliviano é de 85,5% em 2021.
Brasil:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 442 milhões de hectares para 382 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte brasileira do bioma aumentou de 36 milhões de hectares para 98 milhões de hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico brasileiro é de 79% em 2021.
Colômbia:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 45,1 milhões de hectares para 42,6 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte colombiana do bioma aumentou de 2,4 milhões de hectares para 4,6 milhões de hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico colombiano é de 89,5% em 2021.
Equador:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 10,3 milhões de hectares para 9,8 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte equatoriana do bioma aumentou de 1,3 milhão de hectares para 1,9 milhão de hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico equatoriano é de 83% em 2021.
Guiana:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 18,8 milhões de hectares para 18,7 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico guianense é de 97,4% em 2021.
Guiana Francesa:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 8,21 milhões de hectares para 8,16 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte guianense do bioma aumentou de 200 mil hectares para 400 mil hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico guianense é de 98,1% em 2021.
Peru:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 73 milhões de hectares para 70 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte peruana do bioma aumentou de 6 milhões de hectares para 9,5 milhões de hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico peruano é de 87% em 2021.
Suriname:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 13,8 milhões de hectares para 13,7 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte surinamesa do bioma aumentou de 110 mil hectares para 150 mil hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico surinamês é de 96,7% em 2021.
Venezuela:
- Área coberta por vegetação florestal nativa caiu de 38,6 milhões de hectares para 37,9 milhões de hectares entre 1985 e 2021.
- A área de agropecuária e silvicultura na parte venezuelana do bioma aumentou de 0,9 milhão de hectares para 1,3 milhão de hectares.
- A área de vegetação nativa do bioma amazônico venezuelano é de 94% em 2021.