Por Sidney Alves
Agricultores dos municípios de Santarém, Tomé-Açu e Baião passaram a plantar a pimenta-do-reino com o uso do tutor vivo de gliricídia, substituindo as estacas de madeira. O resultado das safras tem ido muito além do esperado.
A gliricídia é uma árvore originária da América Central que serve como tutor vivo para o crescimento da pimenta-do-reino.
Maciel Ferreira, 36 anos, agricultor do município de Baião, localizado no nordeste do Pará, contou ao Pará Terra Boa que o aumento da safra a partir do uso do tutor vivo despertou o interesse dos agricultores da vizinhança. A gliricídia reduz em quase 30% do custo de implantação do pimental em comparação ao sistema tradicional com o chamado tutor morto (estacas cortadas de madeira).
“Desta quantidade de pés frutíferos de pimenta, eu consegui no ano passado uma safra de oito toneladas. Isto começou a desenvolver o interesse de outros agricultores familiares, assim como eu, e passei a informá-los sobre as técnicas que passei a usar por aqui”, disse o produtor, que recebeu orientação da Embrapa.
Outra vantagem do uso da gliricídia é a melhoria na condição do solo, já que a árvore aumenta o teor de matéria orgânica, reduz erosão e contribui na fixação de nitrogênio. Assim, o gasto com fertilizantes também é reduzido – ainda mais em tempos de escassez do produto em razão da guerra na Ucrânia. É uma tecnologia de baixo custo de implantação, fácil de ser desenvolvida, com vantagens econômicas e ambientais, apropriada para agricultura familiar.
“Além de uma produção de três quilos de pimenta seca por pé, o tutor vivo é melhor para quem faz a colheita na época do verão, pois tem sombra. Então é muito bom para a planta e para o trabalhador”, ressaltou Maciel ao site da Embrapa.
Atualmente, Maciel é proprietário de dois terrenos, um com 100 por 600 metros e outro de 100 por 200 metros. Nestas duas áreas, Maciel tem mais de 3.400 pés de pimenta, bem como cacau, peixe e outras frutas.
No começo, o agricultor afirma que encontrou alguma dificuldade, especialmente com o ‘amarrio’ da pimenta no tutor e com a poda da gliricídia, mas logo depois os resultados começaram a se apresentar. O agricultor não desistiu e se tornou uma referência local.
Nascido e criado em Baião, Maciel começou a trabalhar na agricultura desde muito cedo com o avô, seu Gregório Paes.
“Aprendi muito das técnicas de agricultura com o meu avô, quando era muito novo. E muita coisa que aprendi com ele, as experiências ainda me servem bastante”, conta.
Pimenta no Pará
O Estado do Pará é o segundo maior produtor nacional de pimenta-do-reino com uma produção de 36,1 mil toneladas em 2020, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). As maiores produções se concentram nos municípios de Tomé-Açu, Baião, Mocajuba, Igarapé-Açu e Capitão Poço, e envolvem, principalmente, agricultores familiares.
Fonte: Com Embrapa
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