A agropecuária é o setor mais impactado financeiramente por eventos climáticos, como secas e inundações, na Amazônia Legal. Entre 1991 e 2024, a agricultura e a pecuária acumularam perdas de R$ 40,5 bilhões — R$ 36,2 bilhões e R$ 4,3 bilhões, respectivamente. Esse montante corresponde a 80% dos R$ 51,1 bilhões em prejuízo registrados na região.
Mato Grosso e Pará foram os estados mais afetados financeiramente, com prejuízos de R$ 28 bilhões e R$ 7 bilhões, respectivamente, entre 1991 e 2024.
O dano econômico foi analisado pela InfoAmazonia, com base nas informações fornecidas pelos municípios da Amazônia Legal ao Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, da Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O levantamento considera os prejuízos financeiros resultantes de inundações, secas, erosões, incêndios, alagamentos, vendavais, ciclones, deslizamentos e granizo, entre outros eventos climáticos.
“Uma característica das mudanças climáticas é o aumento de eventos tanto pela escassez quanto pelo excesso. Seja por ondas de calor, por episódios de seca ou por chuvas intensas que trazem consigo deslizamentos, vendavais e inundações de grande porte. Esse tipo de situação a gente tem acompanhado e tem sim a tendência de aumentar”, afirma Rafael Luiz, tecnologista de desastres naturais do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
No período, o evento climático que mais atingiu o agronegócio brasileiro na Amazônia foi a seca. A agricultura e a pecuária perderam R$ 17,2 bilhões desde 1991, valor que representa 42% do prejuízo. As chuvas intensas e inundações compõem o segundo fator, representando 38% do valor.
Só com estiagem e seca foram R$ 17,17 bilhões perdidos. Já com chuvas intensas, os prejuízos chegam a R$ 15,31 bilhões.
Entre os 10 município da Amazônia Legal com maior prejuízo, seis estão no MT e quatro estão no PA. Rondon do Pará foi o município paraense mais atingido, com danos financeiros de quase R$ 2 bilhões. No ranking total, ele está atrás apenas de Rondonópolis e Sorriso, ambos no Mato Grosso, que registraram mais de R$ 4,8 bilhões e quase R$ 5,5 bilhões em prejuízos, respectivamente.
Danos humanos
Além dos danos financeiros, os desastres climáticos na Amazônia afetaram a vida de 3,5 milhões de pessoas entre 1991 e 2024 — 9% apenas no ano passado (323,5 mil). Esses cidadãos sofreram ferimentos, precisaram de abrigo público, tiveram suas residências atingidas ou, no pior dos casos, perderam a vida devido aos impactos ambientais.
Oriximiná, no oeste do Pará, é o município da Amazônia Legal com o maior número de pessoas afetadas pelos eventos climáticos desde 1991. De acordo com Paulo Paixão, coordenador da Defesa Civil local, dos 18 bairros da cidade, 8 (44%) são considerados de risco para desastres. São áreas vulneráveis, onde as ruas não são asfaltadas e as moradias são inacabadas ou feitas de madeira.