O mercado de cacau vive uma valorização sem precedentes. Negociado como commodity nas bolsas de valores, o fruto tem registrado altas históricas de preço, como em abril passado, quando cada tonelada chegou a valer US$ 11.311. Em análise publicada pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA), a economista e presidente da Câmara Setorial do Cacau do Pará, Maria Goreti Gomes, destaca que o contexto é favorável ao aumento de renda dos agricultores, principalmente os de boas práticas, e ajuda a impulsionar a econômica local.
De acordo com a especialista, a alta é reflexo de três fatores: a queda na produção da África devido à contaminação por pragas e doenças nas lavouras, a redução da oferta e dos estoques globais e a forte demanda pelo fruto, impulsionada pela grande popularidade do chocolate e seus derivados. O cenário favoreceu os produtores locais, principalmente na região da Transamazônica, o principal polo da cacauicultura do estado, onde o quilo custa em média R$ 55.
“O Pará, como grande produtor de cacau, é um dos maiores beneficiados por essa conjuntura. A valorização do produto gerou um aumento na renda dos produtores, impulsionando a economia local e promovendo o desenvolvimento das comunidades”, afirma Goreti Gomes.
Apesar disso, as oscilações nos preços negociados no exterior preocupam porque podem levar tanto a ganhos expressivos quanto a prejuízos e perdas. A expectativa é que os preços se estabilizem entre R$ 40 e R$ 50 por quilo e que a demanda interna continue aquecida, evitando assim a dependência do mercado internacional.
Goreti Gomes avalia ainda que as perspectivas para a cacauicultura paraense são positivas em razão das condições climáticas e de solo favoráveis para o cultivo do cacau, além de uma grande base de produtores experientes. Atualmente, o estado já lidera a produção de cacau no país, com mais de 152 mil toneladas de amêndoas por ano.
Aliado a isso, as perspectivas podem ser ainda melhores a longo prazo com investimentos em técnicas agrícolas modernas e eficientes, agregação de valor e Implementação de práticas agrícolas sustentáveis que contribuam para a preservação do meio ambiente, como ocorre com os sistemas agroflorestais (SAFs). Em Tomé-Açu, por exemplo, o cacau produzido em SAF já ganhou registro de indicação geográfica.
“Ao investir nesses aspectos, os produtores de cacau do Pará estarão aptos para aproveitar as oportunidades do mercado e garantir o sucesso da atividade a longo prazo, consolidando o estado como um dos principais polos produtores de cacau de alta qualidade do mundo”, ressalta Goreti Gomes.