O governador Helder Barbalho (MDB) afirmou no domingo, 15/05, que as 12 execuções registradas em duas semanas em Altamira (PA) podem estar ligadas a conflito entre facções criminosas na cidade. No sábado, 14/05, quatro pessoas foram mortas na porta de uma distribuidora de bebidas na cidade.
Essa é a terceira chacina registrada no Estado desde 2019, em que as duas primeiras deixaram um saldo de 16 mortos: 11 em Belém e 5 em Parauapebas. Você que nos lê aqui no Pará Terra Boa sabe que o crime organizado do garimpo, mineradores e madeireiros ilegais trouxe um novo parceiro à bandidagem: as facções criminosas.
Entre 2018 e 2020, a dinâmica da violência letal na região amazônica diferenciou-se do restante do País em especial pela acentuada interiorização da violência. Houve uma redução dos homicídios urbanos em ritmo mais acentuado do que no restante do Brasil.
Simultaneamente, os homicídios nos municípios rurais e intermediários amazônicos cresceram, enquanto os homicídios nos municípios destes tipos no restante do País apresentaram redução. Esse fenômeno aponta para a importância de conflitos agrários e crimes ambientais, que coexistem e se imbricam no território com as dinâmicas das facções criminosas.
Parte da destruição da floresta na região é fruto de atividades ilegais alimentadas por complexas cadeias criminosas nacionais e transnacionais que movimentam diferentes economias – de madeira a minérios, passando pela especulação imobiliária, lavagem de ativos e outros crimes como o tráfico de pessoas ou animais silvestres.
Em 2020, a maior parte dos assassinatos estavam concentrados nas áreas classificadas como “desmatadas” (36%) e nas “não florestais” (33%). Em 2020, ao comparar as taxas de Mortes Violentas Intencionais (MVI) por zonas de ocupação, verificou-se que o conjunto de municípios com as maiores taxas eram os sob pressão de desmatamento (37,1 por 100 mil habitantes), em segundo lugar, os municípios desmatados (34,6), os municípios não florestais com taxa de 29,7, e, por fim, os municípios florestais apresentam a menor taxa de letalidade violência, com 24,9 por 100 mil.
“Para o criminoso, o ouro ilegal é a melhor forma de lavar dinheiro no Brasil e é mais seguro do que usar postos de gasolina e fazendas. Tem um sistema falho que não registra a origem adequada do produto e que pode ser facilmente regularizado depois. E, assim, pode ser usado pelo crime organizado para legitimar e justificar um grande incremento patrimonial”, afirmou o procurador de Itaituba, Paulo de Tarso, ao jornal “O Globo”, apontando um dos motivos pelos quais o crime organizado estaria interessado na atividade extrativista.
Fonte: Fórum Brasileiro de Segurança Pública