A gente chama de óleo de copaíba, mas é um óleo-resina, extraído diretamente do caule da planta, com a uso de uma ferramenta chamada trado. A origem da palavra vem de “Cupa-yba” do tupi “árvore de depósito”. E o Pará tem muita árvore de copaíba, mas o desmatamento cada vez mais ameaça essa cultura. Uma das regiões mais conhecidas pela extração do óleo-resina é o Território Quilombola de Alto Trombetas, município de Oriximiná, de onde também é extraída muita bauxita.
Muito utilizado pelas populações da Amazônia por sua ação terapêutica, o óleo-resina da copaíba também é conhecido como antibiótico natural da mata ou bálsamo da Amazônia, e já apresentou eficácia segundo pesquisas em andamento de tratamentos contra a malária.
Suas propriedades bioativas cicatrizantes e antimicrobianas chamaram a atenção de cientistas. Uma parceria entre quatro universidades de três Estados foi feita para potencializar esses efeitos ao associar o óleo vegetal com a nanotecnologia “verde”, que recorre a métodos de menor impacto ambiental com pesquisas feitas desde de 2013. O resultado, divulgado em outubro deste ano, é um novo composto antimicrobiano que combina o óleo de copaíba com nanopartículas de prata produzidas a partir de fungos.
“A ação das nanopartículas de prata é extremamente eficiente, pois elas matam as bactérias. Ao associá-las com o óleo de copaíba temos uma sinergia. A nanotecnologia auxilia na atividade, na reatividade e faz o efeito antimicrobiano atuar por muito mais tempo”, explica o pesquisador do Instituto de Química (IQ) e professor colaborador do Instituto de Biologia (IB) da Unicamp, Nelson Duran, um dos pioneiros nos estudos de nanobiotecnologia no Brasil.
A cooperação técnica envolveu 13 pesquisadores das Universidades Estaduais de Campinas, Maringá e Londrina, e da Universidade Federal do Amazonas. De acordo com os pesquisadores, a tecnologia poderá ser aproveitada em formulações de antissépticos e antimicrobianos de uso tópico (como cremes e pomadas para a pele), produtos de limpeza, sanitizantes e até em tecidos com a função antimicrobiana.
O invento foi protegido com patente solicitada pela Agência de Inovação Inova Unicamp. A exploração comercial da tecnologia estará disponível a empresas que, em contrapartida, destinarão parte dos ganhos às universidades envolvidas. Isso possibilita a manutenção dos investimentos em laboratórios para novos estudos.
Extração
A extração do óleo é feita com um manejador, que faz a perfuração de forma controlada até atingir o tecido vegetal que contém o óleo-resina, fazendo com que ele flua por um cano de PVC até o reservatório. Após extraída a quantidade de óleo-resina disponível na planta, o produtor faz a vedação do orifício perfurado com um torno de madeira, evitando a entrada de cupins e outros insetos no local, e permitindo extrações futuras.
Não existem estudos definitivos a respeito do tempo necessário para uma copaibeira recompor o óleo extraído. O volume por árvore varia de 0,3 a 3 litros, dependendo da espécie e condições às quais está submetida. Mas, a copaibeira está em um ecossistema composto por outras espécies, outras árvores que são suas companheiras. Ou seja, onde tem copaíba manejada, tem floresta em pé.
Com informações do Amazônia HUB e Agência de inovação da Unicamp