Por Sidney Alves
Fortalecer a economia local e promover a qualidade de vida do povo indígena da etnia Tupinambá são alguns dos objetivos da Associação de Moradores Agroextrativistas e Indígenas do Tapajós (AMPRAVAT).
Os representantes da associação, que atualmente é composta por 40 famílias localizadas à margem esquerda do Rio Tapajós, produzem geleias feitas com as frutas regionais do Pará e o tucupi preto.
“Aqui nos incentivamos os nossos associados a produzirem geleias com as nossas frutas locais. E tem este novo produto, o tucupi preto, que é uma redução do tucupi normal. Ele fica mais consistente e mais adocicado, unindo as técnicas do manejo da mandioca com o conhecimento acadêmico”, afirmou Raquel Tupinambá, coordenadora do conselho indígena do Baixo Tapajós e integrante da AMPRAVAT, em conversa com o Pará Terra Boa, na segunda-feira, 18/04.
Segundo ela, que é bióloga e doutoranda em Antropologia Social pela Universidade de Brasília (UNB), uma das grandes preocupações dos povos que habitam a reserva extrativista Tapajós-Arapiuns está relacionada com a situação atual do Rio Tapajós, que prejudica a qualidade de vida dos habitantes desta região.
“A poluição do Rio Tapajós tem nos preocupado bastante, principalmente por causa desta contaminação causada pelo mercúrio, que advém das atividades garimpeiras, na região do Médio e Alto Tapajós. Esta triste realidade prejudica a saúdes de todos nós, sobretudo, porque contamina os peixes, que representam a nossa principal fonte de proteína”, contou ela, preocupada.
Futuro da AMPRAVAT
Segundo Raquel, estão sendo feitos planejamentos para incentivar uma produção maior e mais qualificada, para poder vender em todo o território nacional.
“Neste momento, estamos nos organizando para que possamos produzir mais e de maneira qualificada, porque queremos muito expandir as nossas produções para todo o País”, disse.
Atualmente os produtos dos associados da AMPRAVAT são comercializados no município de Santarém, como também em Alter do Chão. Porém, existem planos maiores e que já estão sendo preparados.
“Queremos expandir o comércio das nossas produções. Além de Santarém e de Alter do Chão, também estamos iniciando uma venda para alguns contatos que temos no Rio de Janeiro e em São Paulo”, contou Raquel.
História da associação
Criada em 1994, a AMPRAVAT nasceu com o objetivo inicial fortalecer a população desta região da reserva extrativista Tapajós-Arapiuns.
Segundo Raquel, houve um período de enfraquecimento, mas nos últimos anos está havendo uma retomada com o apoio do fortalecimento econômico dos associados.
“A AMPRAVAT passou por um processo de enfraquecimento e começou a retomar em 2018 as atividades. Os nossos objetivos estão relacionados com a luta pelos nossos direitos, da justiça social, trabalhamos na bioeconomia, na melhoria da qualidade de vida por meio da renda voltada para a produção local, como por exemplo com os derivados da mandioca”, afirmou Raquel.
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