Uma planta exótica, típica da Ásia, África e Europa, mas bem adaptada às condições da várzea amazônica vem despontando no cenário da bioeconomia paraense. É a malva, que produz uma fibra versátil e sustentável e já explorada com bons resultados produtivos e ambientais por uma indústria instalada no município de Castanhal, na Região Metropolitana de Belém.
A Companhia Têxtil de Castanhal (CTC), que produziu a corda do Círio de Nazaré neste ano, atua há 10 anos no estado processando a fibra e elaborando produtos como sacos de juta agrícolas, ecobags, fios para artesanato, fios para calçado, tabaco, itens de moda e decoração, entre outros.
E uma boa oportunidade para mostrar esses produtos para o mundo é a COP28, que começa dia 30 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O Sebrae vai distribuir cerca de 300 bolsas de malva amazônica em um evento com ministros e secretários de meio ambiente durante oe vento.
A Conferência sobre Mudança do Clima será uma oportunidade para divulgar as estratégias sustentáveis da indústria local e para chamar atenção para o potencial da bioeconomia na região e a sua contribuição para o cumprimento das metas de descarbonização brasileiras. Somente a CTC capturou mais de 18 mil toneladas de CO² da atmosfera nessa década.
O impacto positivo é decorrente de toda a estruturação do negócio. O cultivo da malva, por exemplo, ocorre em áreas de várzea e utiliza húmus acumulado durante as cheias dos rios para a adubação, ou seja, não há uso de agrotóxicos nem abertura de áreas com desmatamento.
Produção de sementes
Outro ponto de destaque é o projeto de produção de sementes realizado com famílias agricultoras, que receberam capacitação para profissionalizar a atividade extrativa. Com isso, foi agregado tecnologia e inovação ao trabalho, garantindo uma remuneração mais justa aos produtores, além da compra de toda a colheita.
“Sua agregação de valor, da semente de malva aos nossos manufaturados, é toda na Região Norte do Brasil, em uma cadeia com pegada de carbono negativa, resultando em produtos têxteis 100% biodegradáveis distribuídos no Brasil e exterior, no melhor exemplo de economia circular”, ressalta Flávio Junqueira Smith, diretor da CTC.
O resultado da produção já alcança o mercado, serve como matéria-prima para artesãos locais e também contribui para o desenvolvimento de projetos nas Usinas da Paz, do Governo do Pará.
“Temos que construir um modelo econômico inédito para a região, através do diálogo entre a sustentabilidade social e ambiental. Se não estimularmos ou introduzirmos no mercado mundial os produtos de baixo carbono, positivamente integrados à essa economia amazônica, falharemos na defesa da floresta e seus habitantes. Muitos desses sistemas já existem na região há muitas décadas, de forma abrangente e verticalizada, como a cadeia da fibra de malva”, analisa Flávio Smith.
Além de Castanhal, a empresa mantém operações em Manacapuru (AM) e em São Paulo (SP), empregando mais de 1.100 pessoas.