Alimentos típicos da culinária amazônica conquistam espaço cada vez maior no mercado internacional. Os benefícios nutricionais e o sabor exótico encantam muitos consumidores mundo a fora, ainda mais se forem produzidos de forma sustentável. O problema é que ainda poucos têm acesso a esse tipo de produtos fora do Brasil.
Com foco em atender essa demanda reprimida, a chef e pesquisadora Ana Luiza Trajano se aliou à advogada Thais dos Santos para investir em um negócio que leva os ingredientes dos diferentes biomas brasileiros, cultivados de maneira sustentável e no modelo da agricultura familiar, para a mesa e as cozinhas europeias.
Entre os itens à venda pelo Madame Brésil, alguns destaques são ingredientes amazônicos, como é o caso da semente de puxuri e do feijão manteiguinha; além dos já populares castanha-do-Pará; o açaí, a farinha de tapioca e outros. Logo no início das operações da empresa foram importados três containeres com 20 toneladas de produtos cada oriundos de 10 produtores de várias regiões do país.
Em entrevista ao NeoFeed, Ana Luiza Trajano, que é diretora do Instituto Brasil a Gosto, contou que a seleção dos itens foi criteriosa. Além da qualidade, foram levados em conta aspectos relacionados à capacidade de produção com consciência ambiental, valorização da agricultura familiar com foco nas mulheres, comércio justo e questões legais, como o registro de importação e a baixa perecibilidade.
“Se fosse um projeto só comercial seria mais fácil. Mas queremos colocar o Brasil no mercado de luxo na França fazendo um trabalho coerente, com propósito socioambiental e realmente engajado com a sustentabilidade”, disse a chef ao NeoFedd.
O objetivo inicial do Madame Brésil é atender a demanda de clientes e chefs das cidades de Paris, Lyon, Bordeaux e Marselha, mas já há planos para levar a oferta para Portugal, Bélgica e Alemanha, assim como ampliar o portfólio com outros 60 ingredientes.
A estratégia de divulgação conta com ações junto a outros chefs de cozinha, empórios e a plataforma de e-commerce, onde se destaca um trabalho de tradução cultural empreendido pela própria chef que criou receitas mais acessíveis ao público estrangeiro, como o smoothie de açaí e o falafel de feijão manteiguinha.
“Não quero colocar o Brasil como produto exótico, restrito a mercadinhos ou à comunidade brasileira. Minha missão é posicionar a culinária brasileira no patamar de valorização e tratamento que ela merece. Que ela fosse a referência após a francesa”, frisa Ana Luiza.