Além das perdas humanas, pessoas desaparecidas, desabrigadas e desalojadas, a maior crise climática do Rio Grande do Sul deixará um rastro de destruição nas lavouras locais , o que vai gerar grande prejuízo ao agronegócio. Um levantamento da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostra que esse é o setor da economia mais afetado pela tragédia, com danos financeiros de R$ 506,8 milhões, de acordo com dados apurados até a tarde de segunda-feira, 6.
Considerando que o levantamento diz respeito a apenas 25 municípios dos 336 que tiveram o estado de calamidade pública decretado, esse índice será muito maior.
“Para o setor de agro como um todo, os estragos são incalculáveis. Recebi relatos de produtores com 50% da soja ainda para ser colhida. Para folhagens, legumes e verduras, é quase perda total, assim como para os produtores de arroz, que ainda não colheram”, disse a O Globo o vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Eugênio Zanetti.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, há perdas significativas em lavouras de arroz, soja, milho, cenoura, tomate e batata, além de impactos na produção de frango, suínos, ovos e na pecuária de corte.
Cálculos da consultoria Datagro, publicados pelo g1, apontam que as perdas podem chegar a 11% na produção de arroz do estado e um prejuízo de R$ 68 milhões aos agricultores da região. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do País e responde por 70% da produção nacional do grão.
De acordo com o Cepea, em relação ao arroz, há preocupação com o abastecimento no Brasil e seus impactos custo de vida das famílias, especialmente as mais pobres. Isso pode ocorrer em diversos estados brasileiros, incluindo o Pará. De acordo com a Federação da Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa), os preços podem subir.
Antes do temporal, a estimativa era de que o estado colhesse 7,5 milhões toneladas de arroz este ano. Mas, com a tragédia, a safra deve ficar próxima das 6,7 milhões ou 6,8 milhões de toneladas, podendo gerar impactos na inflação, ressalta a consultoria.
Quanto à soja, o segundo maior estado produtor do grão no Brasil pode ter perdas de 3% a 6%, com prejuízo entre R$ 125 milhões e R$ 155 milhões a produtores. Segundo a Dataagro, essa redução deve ter “algum impacto” de alta sobre as cotações internacionais e domésticas. Já o milho, prevê a consultoria, terá perdas de 2% a 4%, com prejuízo de R$ 7 milhões a R$ 12 milhões
De acordo com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), os criadores de suínos e de aves, além da pecuária leiteira, também devem ser bastante afetados. Reportagem de O Globo afirma que a produção, com forte presença na região norte do estado, em municípios como Santa Rosa, Passo Fundo e Erechim, está com escoamento da produção e o recebimento de suprimentos prejudicados.