A vida não está fácil para ninguém. Esta semana que termina foi marcada por queixas do setor da suinocultura, que se arrastam desde o final do ano passado. Segundo os produtores, os custos de produção estão muito altos, os preços de venda baixos, dívidas nas alturas, dificuldades no mercado externo, financiamentos insuficientes, super oferta no mercado interno e uma população com pouca renda e por aí vai.
Alguns representantes do setor se reuniram de forma virtual com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, no final de janeiro, na tentativa de resolver algumas questões, como isenção das alíquotas de contribuição incidentes na importação do milho (PIS/COFINS) até dezembro de 2022, pois a desoneração é um meio de dar fôlego aos produtores, tendo em vista a alta do custo de produção. A situação é pior para os suinocultores da Região Sul, tendo em vista a seca que atingiu seus Estados e também o Mato Grosso do Sul.
Na segunda-feira, 14/02, a Comissão Nacional de Aves e Suínos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) discutiu a crise da conta que não fecha.
“Estamos enfrentando um momento bastante complicado nos últimos meses, com alto custo de produção e baixo preço de venda. É uma das piores crises recentes da suinocultura brasileira e algo que está afetando a saúde financeira dos produtores”, disse o presidente da comissão, Iuri Pinheiro Machado.
O encontro teve apresentações sobre o panorama do mercado de carnes e de grãos. Machado destacou o crescimento da oferta de carne suína nos últimos anos e analisou dados sobre exportações e a relação custo de produção e preço de venda do suíno.
O assessor técnico da CNA, Rafael Ribeiro de Lima, falou sobre a situação atual e as perspectivas para as safras de milho e soja. Ele ressaltou que o baixo volume de chuvas em importantes Estados produtores deve resultar em quedas de produção expressivas, principalmente no milho 1ª safra.
O presidente da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, apresentou algumas ações e medidas sugeridas pelo setor diante da crise. Entre elas estão, além da manutenção da isenção das alíquotas Pis/Cofins até dezembro de 2022, a prorrogação do prazo de pagamento dos custeios pecuários em um ano e a reativação da linha de crédito de custeio direcionada à retenção de matrizes suínas (com a concessão de limite de crédito de R$ 2,5 milhões por beneficiário).
A renegociação de dívidas pelos suinocultores independentes também foi abordada pelo superintendente da Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco), Nelson Fraga. Conforme ele, uma das alternativas para apoiar os segmentos produtivos que estão com problemas é deslocar recursos dos Fundos Constitucionais para a criação de novas linhas de crédito de custeio, prorrogação de dívidas e de fomento ao setor.
Projeções da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) sugerem que o consumo per capita brasileiro aumente em até 3%, crescimento abaixo do esperado para 2021. Para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a expectativa é de avanço ainda menor, de apenas 1,4%. Já a oferta nacional, por sua vez, deve aumentar em 4%, segundo a associação, e em até 6%, conforme o USDA.
Fonte: CNA