A Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (CAMTA) completa 90 anos neste ano. Sediada em Tomé-Açu, o coletivo tem hoje 172 cooperados e 190 funcionários na produção de polpas de frutas. O carro-chefe da cooperativa é a polpa de açaí, exportada para o Japão, Alemanha, Israel e Estados Unidos.
A CAMTA tem capacidade para processar 8 mil toneladas de açaí por ano, mas trabalha hoje com metade dessa capacidade. A partir do recente investimento do governo japonês, de US$ 3 milhões, a cooperativa espera duplicar esse processamento.
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Além dos números destacados, a CAMTA colhe seus frutos ambientais a partir do açaí plantado em sistemas agroflorestais desde a década de 1970. “Até então, era monocultura, mas na década de 70, começamos a trabalhar com sistema agroflorestal, utilizando o cacau que precisa de 40% de sombreamento para crescer. Assim não derrubamos a floresta”, conta Alberto Keti Oppata, presidente da cooperativa.
Além da expansão em infraestrutura, por meio de novas câmaras de refrigeração, a CAMTA vai investir o dinheiro do governo japonês na certificação dos seus produtos. “A cooperativa não tem lucro. Tudo é dividido entre os cooperados. Com o certificado, queremos passar mais segurança para nossos clientes, que vinham mais por confiança em nosso trabalho”, diz Oppata.
A CAMTA trabalha hoje com 14 tipos de polpa de frutas, sendo 60% delas consumidas pelo mercado paraense, exceto o açaí. “O paraense não come açaí congelado”, lembra.
A história da CAMTA se confunde com a história da migração japonesa para o Brasil e do próprio município paraense de Tomé-Açu. Em 1929, cerca de 200 japoneses embarcaram no navio Montevideo Maru e chegaram a Santos (SP) 45 dias depois. As famílias japonesas se instalaram no Pará e lá estão até hoje.
Começaram com hortaliças, pimenta-do-reino, conhecido na época como “diamante negro”, até chegar no açaí. “O açaí é o nosso carro-chefe. Na década de 1980, era o maracujá. Depois, a acerola. Depois, o cupuaçu. As pessoas tachavam o açaí como comida de pobre. Só na década de 80, ficou famoso porque um jogador de futebol paraense respondeu que o segredo do seu bom futebol era a ingestão diária de açaí. Daí ganhou o mundo”, comemora Oppata.