A semana começou na Conferência do Clima da ONU (COP26), em Glasgow, na Escócia, com o uso da terra como um dos temas do Brazil Climate Action Hub, coletivo criado em 2019 por diversas organizações da sociedade civil brasileira para dar visibilidade à ação climática brasileira durante a COP25, realizada em Madri, na Espanha.
A diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), Ane Alencar, apresentou números sobre como o solo tem sido usado e maltratado no País. “Não adianta falar de uso da terra se a gente não tiver uma base de dados que nos permita entender o processo de mudanças e a dinâmica dessas mudanças”, afirmou ela nesta manhã.
Ane destacou os 66,3% de cobertura vegetal nativa do Brasil, mas reparou que a agropecuária ocupa 31% do nosso território. Sobre desmatamento, os dados indicam que a Amazônia é o bioma mais afetado, com abertura de terras para pecuária, e que essa destruição ocorre em terras públicas, onde os governos, seja municipal ou estadual, deveriam atuar contra a ilegalidade.
“Eu diria que o desmatamento em terras públicas, principalmente nas áreas não destinadas, é o principal câncer do desmatamento no Brasil. O desmatamento da Amazônia é o mais predominante”, lembrou. A COP26 ocorre até o dia 12 de novembro.
Cobertura de uso da terra no Brasil – 2020
- 66,3% do país é coberto com vegetação nativa
- 59,7% é coberto com floresta
- 6,6% formação natural não florestal
- 30,9% com agropecuária
- 0,7% de área. não vegetada
- 2,1% de água
Expansão da agropecuária entre 1985-2020
- Amazônia: 44,5 milhões de hectares – 3,4 vezes de crescimento
- Cerrado: 26,2 milhões de hectares – 1,4 vez de crescimento
- Pantanal: 1,8 milhão de hectares – 3,6 vezes de crescimento
- Caatinga: 6 milhões de hectares – 1,2 vez de crescimento
- Mata Atlântica: 0,4 milhão de hectares – estável
- Pampa: 2,5 milhões de hectares – 1,4 vez de crescimento
Velocidade da mudança
- 1/3 da área antropizada do Brasil aconteceu nos últimos 36 anos
Desmatamento em terras públicas: 54%
-
31% – Áreas não destinadas
9% – Sem informação
3% – Terras indígenas
6% – Unidades de conservação
5% – APA (área de proteção ambiental)
24% – Propriedade privada
22% – Assentamentos
Florestas públicas não destinadas (FPND):
- 56%, FPND estadual
- 44%, FPND federal
- O fogo e o desmatamento ocorrem principalmente dentro de FPND federais e em áreas de CAR
Passos para reduzir o desmatamento:
- Comando e controle inteligente pode reduzir pelo menos metade do desmatamento (resgate do PPCDAM (Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal, criado em 2004, responsável por alta redução de desmatamento no Brasil), fortalecimento/articulação das agências e processos de fiscalização/responsabilização, dar transparência aos resultados das operações contra ilegalidade, combater o crime organizado)
- Destinar as florestas públicas para conservação e produção florestal sustentável e cancelar CAR em sobreposição com essas áreas
- Consolidar Áreas Protegidas (TI e UC) e apoiar economias de base florestal e investimentos em bioeconomia
- Apoiar economicamente e prover assistência técnica para a produção sustentável nos assentamentos
Fonte: IPAM
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