Tucupi, cupuaçu e cumaru e outras iguarias típicas da Amazônia são a matéria-prima para os produtos da Manioca, empresa focada na oferta de ingredientes da região para a culinária e que se tornou referência no setor em expansão da bioeconomia. Fundado há 10 anos, o negócio tem à frente os sócios Joanna Martins e Paulo Reis, que fizeram os temperos, molhos, geleias, granolas, farinhas e outros produtos com a cara e o sabor da Amazônia chegar em diferentes partes do país.
Com uma formação em Direito, Paulo Reis mudou de trajetória profissional após o contato com Joanna e, hoje, trilha uma carreira no empreendedorismo com foco em pequenos negócios de impacto socioambiental, com a própria Manioca e a Amazonique, sua empresa voltada à produção de sucos com frutas típicas. Para ele, apesar do cenário desafiador para os negócios na região, não há razão para mudar as operações para estados com mais estrutura ou mão de obra qualificada.
“Estar aqui é um propósito nosso. Nós teríamos todos os motivos para se mudar para São Paulo, seria muito mais conveniente. Afinal, os nossos clientes estão lá. Mas não queremos virar mais um caso de exportação de matéria-prima da região”, disse o empresário à Exame.
Na visão dele, mesmo as dificuldades podem ser encaradas como oportunidades para criar soluções e fomentar o desenvolvimento local. Com base nisso, as empresas só contratam mão de obra local e criaram um programa de remuneração de forma justa para as comunidades produtoras das matérias-primas denominado “Raízes”.
É esse tipo de experiência de bioeconomia que Paulo acredita ser possível potencializar a partir da COP30, que ocorre em novembro de 2025 no Pará. A expectativa é que o encontro abra espaço e dê visibilidade para as iniciativas já desenvolvidas na região e que apresentam soluções verdes para uma economia baseada na floresta e em baixas emissões de carbono.
“A Amazônia terá um papel central e nos dá a possibilidade de sentar à mesa, discutir alternativas e tomar decisões. Precisamos estabelecer um modelo de desenvolvimento regional que se conecte com aquilo que já temos em potencial: medicamentos, ativos naturais e vegetais”, exemplificou o empresário.
Além disso, Paulo Reis, que também preside a Associação dos Negócios de Sociobioeconomia da Amazônia (ASSOBIO), que reúne 25 empresas de diversos segmentos e diferentes estados, considera que a conferência deve favorecer as empresas locais a partir do turismo, o que pode gerar um impacto duradouro para a economia da região.
“A COP também será um momento de aumento do turismo, tanto internacional como de brasileiros que não conhecem o Pará e todas as riquezas do bioma. É uma oportunidade de provarem o nosso açaí, experimentarem nossos sucos e outros alimentos. E isso envolve a visibilidade das nossas iniciativas e negócios. Tudo isto gira a economia da floresta”, destacou.