Extrativistas do oeste paraense ganharam um espaço apropriado para o processamento de óleos e essências vegetais típicos da Amazônia. O chamado de Ecocentro da Floresta, instalado em um antigo galpão da Cooperativa dos Trabalhadores Agroextrativistas do Oeste do Pará (ACOSPER), em Santarém, vai facilitar o beneficiamento de matérias-primas como frutas e sementes utilizadas na produção de alimentos e cosméticos, por exemplo. No dia 19 de abril, foram extraídos os primeiros produtos: o óleo de andiroba e a manteiga de cupuaçu,
A implantação do Ecocentro era um sonho antigo das comunidades e foi viabilizada com o apoio do Projeto Saúde e Alegria e financiamento do Fundo Amazônia. No galpão de beneficiamento para a agroindústria dedicado funciona um maquinário utilizado para extração de óleos de andiroba, copaíba e semente de cupuaçu, além de uma estrutura para produção de mel de abelhas sem ferrão, potencializando a geração de renda entre as populações da região.
Os moradores da região estão passando por um processo de capacitação para aprender a operar os equipamentos. E os resultados já estão surgindo com os primeiros litros de óleo de andiroba e manteiga de cupuaçu saindo das máquinas. A expectativa é que óleos de murumuru, tucumã, piquiá, açaí, patauá e outros também serão processados no futuro.
“Estou muito feliz por ter sido escolhido pelo meu grupo para participar dessa capacitação. A gente está aprendendo a manusear a máquina”, disse Francisco Sarmento, morador da aldeia Braço Grande e um dos participantes da primeira oficina do Ecocentro.
De acordo com o vice-presidente da ACOSPER, José Maria Santos, comunidades da Reserva Extrativista (Resex) Tapajós-Arapiuns e dos projetos de assentamento agroextrativista (PAE) Lago Grande, Arapixuna e Várzea devem ser beneficiados pela iniciativa que também abre portas para o desenvolvimento do artesanato e para a oferta de crédito para os agricultores familiares.
“É muito gratificante pra gente quando a gente leva essa alegria pra esse povo tão interessado. Os empreendimentos são dos cooperados. A gente tem esse prazer de trazê-los aqui. Isso pra nós é muito importante (…) poder estar absorvendo esses produtos que tem na natureza que a gente nunca teve oportunidade”, destaca José Maria.
A implantação do Ecocentro vem aliada a uma estratégia de fortalecimento da economia nas comunidades extrativistas. Além da agroindústria, o projeto incentiva o plantio de espécies não-madeireiras e recuperação de áreas desmatadas visando alavancar os impactos ambientais e socioeconômicos que a floresta em pé traz, como avalia a engenheira florestal do projeto Saúde e Alegria, Laura Lobato.
“Nós estávamos sonhando com isso já há muito tempo. Inclusive, a indústria em si, foi pensada justamente para ligar todas as nossas atividades. Por exemplo, os SAFs estão sendo implantados nas comunidades. E a ideia é que também a matéria-prima, cupuaçu, andiroba, que saiam desses SAFs, que são espécies que estão sendo implementadas lá, cheguem até aqui também para serem beneficiadas”, afirma a engenheira florestal.