A ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) participou nesta segunda-feira, 15/11, do Fórum Invest In Brasil, em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Em painel sobre oportunidades de negócios no Brasil, a ministra destacou as possibilidades de investimentos na agropecuária brasileira, enfatizando a sustentabilidade e eficiência do setor, que é capaz de responder aos desafios da demanda mundial por alimentos e dar retorno financeiro.
Mais de 300 empresários e executivos brasileiros de 230 indústrias e organizações participam entre, 13 e 19 de novembro, da maior missão de negócios brasileira já realizada na região capitaneada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Nosso país é uma das melhores opções para ajudar o mundo a combater a insegurança alimentar. Segundo estimativas da FAO, a demanda global por alimentos crescerá pelo menos 60% até 2050. Se levarmos em conta que poucas nações terão capacidade de aumentar a própria produção de forma tão acentuada em curto período, os principais fornecedores, entre os quais o Brasil, precisarão encontrar formas ainda mais eficazes de plantio, colheita e distribuição. Nós já estamos nesse caminho”, disse.
A ministra disse que há muitas áreas em que o Brasil pode trabalhar em conjunto com os Emirados Árabes Unidos, seja entre governos ou com os setores privados, especialmente na área de infraestrutura. Ela também citou a possibilidade de investimentos em títulos verdes e a Lei do Agro, que permite operações financeiras mais simples para investimentos no agronegócio brasileiro.
“Com sucessivos recordes de produção agropecuária no Brasil, nossos excedentes aumentam e os mercados mundiais são seu destino natural. Por isso, temos que desburocratizar o ingresso de recursos externos no país e acertar aspectos tributários para não atrapalhar esse fluxo de capitais”, disse a ministra.
Além disso, ela citou que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) deve assinar com a Autoridade de Segurança Alimentar de Abu Dhabi um memorando de Entendimento que permitirá o desenvolvimento de projetos de cooperação científica em diversas áreas como horticultura, frutas e controle biológico de pragas e doenças.
Também foram assinados memorandos de entendimento para cooperação em educação, repatriamento de prisioneiros e um esboço de acordo para cooperação internacional entre o Centro de Estudos Estratégicos e Pesquisa dos Emirados e a Fundação Alexandre Gusmão, do Brasil. A fundação atua com estudos e atividades no campo das relações internacionais e da diplomacia.
O evento foi organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Dubai Chamber e Câmara de Comércio Árabe-Brasileira. A ministra também participou da abertura do evento, que contou com a presença do presidente Jair Bolsonaro e outras autoridades do Brasil e dos Emirados Árabes.
Mercado
De janeiro a setembro deste ano, os Emirados Árabes Unidos aumentaram em 14% as compras de carne bovina do Brasil em relação aos mesmos meses de 2020, de acordo com dados divulgados pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo). O país importou 33,9 mil toneladas e foi o sexto maior destino do produto brasileiro no exterior no período.
O diretor chefe do Escritório da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, falou em evento no domingo, 14/11, sobre as oportunidades de negócios entre Brasil e Emirados Árabes Unidos. O Brasil exportou neste ano até setembro US$ 1,6 bilhão em mercadorias ao país árabe, e importou US$ 635 milhões. Os produtos mais vendidos foram carne de frango, ouro e açúcar, e os mais importados foram barcos-faróis/guindastes flutuantes, petróleo e enxofre.
Os Emirados receberam em 2020 um total de US$ 99,2 milhões em investimento direto estrangeiro do Brasil. Já o Brasil recebeu do país árabe em 2019 o valor de US$ 1,2 bilhão em investimentos diretos. Tanto o Brasil tem empresas dos Emirados instaladas no país, quanto companhias brasileiras têm unidades nos Emirados, entre elas O Boticário, Weg, JBS, BRF, Minerva e Embraer.
Cultura árabe
O presidente da Câmara Árabe Brasileira (CCAB), embaixador Osmar Chohfi, ressaltou que os Emirados Árabes Unidos (EAU) possuem incentivos fiscais e acordos de facilitação de investimentos. “Temos mais de 40 Zonas Francas, melhor acesso a mercados locais e oferecemos ótimas condições para as empresas se estruturarem. Damos suporte técnico e de equipe para as empresas que quiserem operar no mundo árabe”, observou Chohfi.
O Embaixador deu “uma dica” para quem quiser estreitar as relações comerciais. “É importante entender a cultura árabe. Isso é fundamental. Eles consomem o que há de melhor no mundo e estão atentos à sustentabilidade do produto”.
Nos EAU, quem respeita o produto hallal – certificação de qualidade para produtos que respeitam o islamismo – é mais valorizado.
Fonte: Agência Brasil