Os sistemas agroflorestais, ou SAFs , são o futuro. Seja por fazerem parte da solução para os problemas decorrentes das mudanças climáticas ou por serem alternativas viáveis de combate ao desmatamento, seus benefícios são os mais diversos. Segundo o Reset, a Belterra Agroflorestas é uma prova de que o negócio do reflorestamento no Brasil atrai cada vez mais interesse e capital. Criada há apenas três anos, a empresa já captou R$ 45 milhões e implantou sistemas agroflorestais em 2 mil hectares de pequenas e média propriedades rurais degradadas nos biomas da Amazônia e da Mata Atlântica.
A empresa já atua no Pará e em Rondônia e também na Bahia e em Minas Gerais. Este ano vai estrear no Mato Grosso, já tendo contratos assinados ou em fase avançada de negociação para recuperar outros 8 mil hectares até o começo de 2025, o que vai demandar outros R$ 250 milhões. A receita vem da venda dos produtos plantados de forma sustentável e dos créditos de carbono de reflorestamento.
“A Europa já colocou commodities como o cacau na nova lei que proíbe a importação de produtos de áreas desmatadas. Essa agenda é inadiável e o Brasil tem muita área degradada que pode migrar para modelos agrícolas regenerativos e cadeias sustentáveis”, disse Valmir Ortega, sócio da Belterra, ao Reset.
O modelo da Belterra é totalmente verticalizado e vai da identificação das áreas, desenho dos projetos, orientação técnica e plantio à captação de recursos e venda de produtos.
“Decidimos começar assim porque percebemos que, embora os sistemas agroflorestais rendam 15 vezes mais que a pecuária e cinco a seis vezes mais que a soja, o produtor não faz porque não tem conhecimento técnico, não tem capital e não existe um mercado consumidor com cadeias estruturadas”, explicou Ortega.
Em Juriti, família colhe bons frutos com agrofloresta
Como já publicamos aqui no Pará Terra Boa, outro exemplo de quem está colhendo bons frutos através dos SAFs aqui n nosso Estado é a família Soares, de Juruti, que aboliu o fogo de sua propriedade em 2019. De lá para cá, os rendimentos aumentaram, o solo ficou mais fértil e o quintal encheu de frutas, hortaliças e diferentes tipos de madeira, em plena terra conhecida pela exploração da bauxita pela Alcoa.
Marliane, uma das filhas da família, contou que deseja reflorestar todas as áreas degradadas da propriedade e expandir esse trabalho aos vizinhos, já que de cada 4 hectares desmatados no Brasil, 1 está no Pará,
“Quero que mais pessoas possam abraçar a causa de trabalhar com sistemas agroflorestais, é muito proveitoso e você não ajuda só sua família, mas todo o ecossistema. É um jeito de contribuir fazendo sua parte. Hoje podemos observar que com os SAFs você não trabalha apenas com uma cultura e sim com diversas culturas em um mesmo local para agregar valor”, disse ela, destacando a importância do conhecimento adquirido pela família com os técnicos da WRI.
Estudos apontam que a restauração florestal no Brasil gera 0,42 emprego por hectare restaurado, o que equivale a um emprego criado a cada dois campos de futebol restaurados ou 42 empregos a cada 100 hectares restaurados.