Por Sidney Alves
Com apoio da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), foi instalado, no final do ano passado um laboratório de alevinagem de pirarucu, na propriedade do piscicultor Eduardo Arima, em Benevides. A meta deste projeto-piloto é que até o final deste mês os resultados iniciais sejam quantificados para estimular outras pessoas a seguirem o exemplo e, assim, expandir a produção do peixe no Pará.
Segundo o engenheiro de pesca da Emater, Tiago Catuxo, o laboratório para produção de alevinos treinados possui funcionamento pioneiro pautado em duas etapas: reprodução e recria dos alevinos.
Na reprodução, há a formação de casais e reprodução das matrizes. Após esse processo, com mais alguns dias, há o aparecimento da nuvem de alevinos – processo em que eles nadam juntos -, quando são capturados e encaminhados para o laboratório de alevinagem. Lá, são alimentados e treinados para recebimento de ração”, diz o engenheiro da Emater.
De acordo com Catuxo., após todo processo de treinamento que varia conforme sucesso do treinamento, os alevinos com 20 centímetros são ofertados aos agricultores,
Do pirarucu, se aproveita tudo. A carne é vendida para os restaurantes de Belém, e o couro é testado em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA), de acordo com reportagem da Agência Pará. Depois de curtido, a ideia é que ele seja exportado para o mercado europeu de alta costura, para produção de bolsas bolsas, cintos e sapatos. O material é ecológico e biodegradável.
Bacalhau da Amazônia
O pirarucu, apelidado de “bacalhau da Amazônia”, está entre os peixes locais com maior valor nutricional. Ele possui alto teor de proteína, como qualquer outro pescado, mas baixo teor de gordura (2.55% em 100g), sendo classificado como um peixe magro para consumo.
Outra importante informação é que ele tem ômega 3, gordura importante para proteção da saúde cardíaca e cerebral”, afirma Yamila Alves, nutricionista e gastróloga, mestre em ciência e tecnologia de alimentos.
Ainda segundo Yamila, existem várias maneiras de consumir o peixe. “A recomendação é que seja assado ou grelhado. E, se possível, consumir o produto minimamente processado e não salgado”, explicou.
De acordo com Thiago Catuxo, estudos recentes com pirarucus em sistemas de criação com nutrição balanceada podem disponibilizar em sua carne grande quantidade de proteína altamente balanceada.
Crime ambiental com pirarucu
Mesmo com todas estas realidades positivas envolvendo o tema pirarucu no nosso Pará, uma triste realidade aconteceu na tarde de 23 de janeiro deste ano. Moradores do condomínio Lago Azul (Ananindeua) realizaram uma pesca predatória, que é completamente proibida nesta área habitacional, num setor de “Pesque e Solte”, e acabaram matando um pirarucu de aproximadamente 200 quilos. Na semana passada, os envolvidos foram identificados e receberam multas administrativas.
Segundo o engenheiro de pesca da Emater, para que haja a criação de peixes em locais como este, existe a necessidade de um licenciamento ambiental e “o não licenciamento configura crime ambiental, passível de sanções”
Segundo Catuxo, no processo de licenciamento devem ser declaradas todas as ações necessárias para o bom funcionamento do espaço ou sistema.
“Quanto à morte do pirarucu, é importante ressaltar que o método de percussão (golpe deferido na cabeça do animal) deve ser realizado por pessoa capacitada, assim como a captura e o manejo de animais de grande porte para evitar possíveis acidentes ou sofrimento desnecessário ao animal”, explica.