A importância da bioeconomia para a Amazônia está cada vez mais em evidência. A área ganhou destaque na estratégia de desenvolvimento do Pará, assim como na agenda nacional e agora é o principal tema de um livro que aponta os desafios e os potenciais da bioeconomia na região. As informações são da Agência Fapesp.
Com a contribuição de 32 pesquisadores de instituições das regiões Norte, Nordeste e Sudeste, “Bioeconomia para quem? Base para um Desenvolvimento Sustentável na Amazônia” foi elaborado com apoio da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), da Universidade Federal do Pará (UFPA) e do Instituto Peabiru.
No total, são 12 artigos que abordam a realidade e trazem recomendações para o fortalecimento das cadeias produtivas e seu comércio, da organização social, do desenvolvimento tecnológico, da restauração florestal e do combate à violência e às práticas ilegais na região.
Os organizadores da obra, Adalberto Luís Val, pesquisador do Inpa, e Jacques Marcovitch, ex-reitor da Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, assinam o capitulo de combate aos ilícitos como o garimpo ilegal e a contaminação por mercúrio, onde defendem a urgência de enfrentamento do tema em escala panamazônica mobilizando governo e sociedade civil em busca de soluções direcionadas à promoção do bem-estar e à conservação do bioma.
No que se refere às cadeias produtivas sustentáveis, os autores abordam a dinâmica da produção do açaí, do cacau, da pesca e de mel de abelhas sem ferrão. Um dos pontos ressaltados é que o açaí já movimenta quase R$ 3 milhões por ano, no entanto sua produção ainda enfrenta dificuldades com a baixa oferta de crédito, assistência técnica e agregação de tecnologia.
Da mesma forma, o cacau, a pesca e a meliponicultura têm oportunidades de crescimento com a bioeconomia, contudo ainda precisam avançar em aspectos como governança, técnicas de manejo, rastreabilidade e aumento da remuneração dos produtores.
Outra oportunidade está no campo da restauração florestal e das práticas agrícolas que podem avançar em larga escala conciliando benefícios socioambientais, geração de renda e conservação ambiental.
“Torna-se primordial reconfigurar a perspectiva da restauração, passando de uma abordagem percebida como punitiva para uma que a reconheça como uma alternativa viável e sustentável tanto economicamente quanto na perspectiva de benefícios ecológicos e climáticos”, afirmam Nathalia Nascimento e Pedro Henrique Santin Brancalion, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP.
Para avançar nesses e outras estratégias apresentadas no livro, os autores defendem a necessidade de fortalecimento da cidadania e das organizações que atuam no contexto da bioeconomia. Para os organizadores da obra, a boa gestão da área é essencial para que gere benefícios tanto para empresas sustentáveis quanto para extrativistas, pescadores e os povos da floresta.
Na mesma linha de pensamento, Olivia Zerbini, Patrícia Pinho, Ariane Rodrigues e Paulo Moutinho, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), elencam quatro pilares para o desenvolvimento da bioeconomia: desmatamento zero, inclusão e participação dos povos originários, diversificação dos modos de produção e repartição dos benefícios da sociobiodiversidade com as populações locais.
“Será preciso implementar um sistema de governança biorregional e de ‘diplomacia ambiental’ para promover uma melhor gestão dos recursos naturais e fortalecer os direitos humanos e territoriais, enquanto se promove o reconhecimento de diferentes identidades, direitos e sistemas de conhecimento”, ressaltam.
O livro “Bioeconomia para quem? Base para um Desenvolvimento Sustentável na Amazônia” está disponível para download gratuito neste link.