Por Sidney Alves
A moda paraense cada vez mais se destaca no mercado nacional. Uma marca que hoje atrai os holofotes é a Fogoyó, com sede em Belém, por abordar temas afro-amazônicos e ambientais em suas peças, bem como sensibilizar seu público politicamente com apelo antirrascista. Essa conscientização social é um dos motores da Fogoyó, com a proposta de servir de exemplo às comunidades periféricas da capital paraense.
“Vendemos para todo mundo, principalmente para quem tem como bandeira o anti-racismo”, afirmou Vanessa Mendonça, de 28 anos, idealizadora da marca, ao Pará Terra Boa.
Um exemplo dessa proposta pôde ser visto nesta terça-feira, 22/03, com o primeiro desfile de moda preta na periferia de Belém, numa ocupação urbana no bairro da Terra Firme.
“Eu sou moradora há três desta ocupação chamada Liberdade. Onde moram mais de 100 mil famílias”, disse ela.
A marca também esteve presente no Primeiro Festival de Moda Afro Amazônica e Cultura Popular, aprovado pela Lei Aldir Blanc e realizado no início do ano no Teatro Espaço Gasômetro. O evento contou com a apresentação de artistas negros de vários setores culturais, com rodas de conversas, contação de histórias e palestras sobre execução de projetos culturais.
Atualmente Vanessa faz parte do coletivo Pretas Paridas de Amazônia, coletivo de mulheres empreendedoras nos variados serviços.
“O coletivo é formado por 20 mulheres, e elas estão marcando história”, ressaltou Vanessa.
Segundo ela, seu projeto inspira outros jovens, especialmente os que vivem na periferia. “Sei da nossa influência e que somos inspirações para muitos jovens empreendedores deste mercado. A Fogoyó é atualmente o sustento da nossa família”, conta ela, cujos familiares trabalham neste empreendimento de economia criativa. Vanessa é do bairro da Matinha, na periferia de Belém
Criações
A marca confecciona vários tipos de peças, como macacões, turbantes, tops, frentes únicas, acessórios, brincos, pochetes, bolsas etc.. Vanessa conta que as peças são feitas a partir de retalhos, viscose, chitão e até de garrafas pet. A maioria das criações, conta a empreendedora, são peças únicas e exclusivas. As saias de carimbó são um diferencial.
Um dos planos da Fogoyó para este ano é levar as peças para outros Estados, como Maranhão, Bahia e Rio de Janeiro.
O nome
O nome da marca vem de um apelido de quando a empreendedora era criança.
“Fogoyó era como me chamavam quando eu era pequena. O meu cabelo crespo era um pouco amarelado e passaram a me chamar de Fogoyó. No começo, eu não gostava, mas depois eu percebi a força deste nome. Pois, o reino de Yó é também o reino de Xangô.
Onde encontrar
A Fogoyó vai participar da Feira Preta de São Paulo, que ocorrerá no período de 28 de março a 5 de abril, na capital paulista. Em Belém, está presente no Espaço Cultural Apoena e todos os domingos na Praça da República. Há um ano está também no Quilombo da Praça, que é um espaço do Centro de Estudo e Defesa do Negro do Pará (Cedenpa).
As peças podem ser adquiridas pelo perfil da marca no Facebook, no Instagram e pelo Whatsapp: 91- 9 8221-4781.
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