O Pará quer superar os portos de Santos (SP) e de Paranaguá (PR) e se tornar o principal corredor de exportação do País. Para que o chamado Arco Norte seja a porta de saída de uma fatia cada vez maior da safra de grãos do Centro-Oeste, o estado conta com os R$ 38 bilhões em investimentos em infraestrutura previstos no Novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal durante os próximos quatro anos.
Em 2023, de acordo com o Valor, aproximadamente metade das 193 milhões de toneladas de grãos exportadas pelo Brasil foi produzida em fazendas da região centro-oeste, que faz divisa com o sul do Pará.
Segundo a Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport), 37% dos granéis agrícolas exportados, como milho e soja, passaram pelos nove portos representados pela entidade, seis deles no Pará.
“Seremos o maior corredor porque teremos o menor custo”, afirmou Flávio Acatauassú, presidente da Amport, ao Valor.
De acordo com ele, a rota de exportação que passa pelo Pará será composta também por hidrovias, cujo transporte consome metade do combustível do modal ferroviário e 5% do rodoviário.
Acatauassú destaca que o novo PAC incorporou a importância do transporte hidroviário e a vocação geográfica do Pará como rota exportadora. Dos 45 projetos de transporte previstos para o Estado, 22 estão ligados a portos e hidrovias.
Portos de cinco municípios paraenses também receberão investimentos. A maior parte dos projetos está ligada a arrendamentos de terminais de carga e descarga de grãos ou minerais, os quais o Pará produz e exporta via Arco Norte. Acatauassú ressalta, porém, que essas cargas só seguem ao exterior após chegarem a portos fluviais via rodovias ou ferrovias.
Por isso,o presidente da Amport defende a Ferrogrão. O polêmico projeto da estrada de ferro de 933 quilômetros, que quer ligar Sinop (MT) ao porto paraense de Miritituba, está parado desde setembro quando o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu por 6 meses a ação que julga a legalidade da construção da ferrovia. A expectativa é que em março, o STF anuncie alguma decisão em relação à obra.
Em função dessa espera, povos indígenas, comunidades tradicionais, organizações e movimentos sociais estão programando um ‘Tribunal Popular’, no dia 4 de março, na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), das 9h às 18h, para julgar simbolicamente o projeto da Ferrogrão e seus impactos socioambientais.