Pioneiro na elaboração de um plano estadual de bioeconomia, o Pará conta com ações que facilitam o acesso a crédito e dão mais visibilidade aos negócios baseados em recursos da biodiversidade e da agricultura familiar da Amazônia. Os investimentos direcionados ao setor foram destaque durante o Bioeconomy Amazon Summit (BAS), realizado na quinta-feira, 1º, em Belém. O evento foi promovido pelo Pacto Global da ONU – Rede Brasil e pela empresa de venture capital KPTL.
O incentivo aos negócios sustentáveis é uma das apostas do Governo do Pará para garantir a conservação da floresta e criar novas oportunidades de geração de emprego e renda. A estratégia está prevista na Política Estadual sobre Mudanças Climáticas, que orienta a agenda climática e de transição ecológica do estado que sediará a COP30 em 2025.
“O Plano de Bioeconomia trouxe um levantamento que destaca um potencial de geração de receitas com produtos da bioeconomia no Pará de US$ 30 bilhões até o ano de 2040, além de outros US$ 120 bilhões anuais com a exportação de 43 bioprodutos florestais. Portanto temos um horizonte de oportunidades para que possamos gerar emprego, renda e novas soluções e é nisso que nós acreditamos”, afirmou à Agência Pará o governador Helder Barbalho.
Para aproveitar esse potencial, algumas medidas já foram implementadas e criam um ambiente favorável ao desenvolvimento dos negócios. Uma delas é a construção do Parque Estadual da Bioeconomia, que funcionará no Porto Futuro II e deve abrigar cerca de 250 empreendimentos do Pará e outros estados como o Amazonas e o Acre.
Outro projeto já em execução é a oferta de uma linha de crédito específica para esse segmento e que atende às necessidades de pequenos e médios produtores rurais.
“Abrimos linha de crédito no Banco do Estado do Pará chamada Banpará Bio, com um fundo garantidor para alavancar o acesso a financiamento para propriedades de até 100 hectares, para que a agricultura familiar possa completar a sua renda a partir da bioeconomia, colaborando de forma decisiva para a geração de empregos verdes e sustentáveis”, destacou.
Além disso, durante o BAS a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) anunciou que aplicará recursos do programa “Floresta em Pé”, fruto da cooperação financeira com a Alemanha, no projeto “Vitrines da Bioeconomia”, idealizado pela Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio).
“Gostaria de anunciar que a Semas vai apoiar o desenvolvimento desse projeto, em parceria com a Assobio, dando visibilidade para os produtos da bioeconomia para que na COP30, no próximo ano, possamos espalhar o projeto pela Região Metropolitana levando os nossos visitantes a conhecer e entender melhor as oportunidades de uma nova economia, nova para alguns, mas não para nós, que a entendemos como um reencontro com as nossas origens ancestrais”, declarou o titular da Semas, Mauro Ó de Almeida.
Para Paulo Reis, presidente da Assobio, a parceria com o poder público será essencial para ampliar a divulgação dos negócios. O projeto-piloto foi apresentado durante o evento e contou com a participação de empreendedores dos ramos de alimentação, artesanato, biocosméticos e outros. A ideia é replicar esse modelo de exposição em diversos momentos até a Conferência do Clima em Belém.
“A gente tem como preocupação também a defesa da importância de pequenos e médios negócios para o desenvolvimento da região amazônica. Esse pequeno e médio negócio tem capacidade de dar resiliência, trabalhar com uma diversidade enorme de produtos da biodiversidade”, ressaltou Paulo Reis.