O turismo é hoje uma das principais vitrines do Pará e também uma das atividades econômicas mais relevantes para o estado. Antes mesmo da realização da 30ª Conferência da Organização das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), o setor já vem crescendo com a melhoria dos serviços ofertados aos visitantes e a ampliação da oferta de leitos, que avançou 33,2% nos últimos anos.
O estudo “Boletim do turismo paraense 2024”, divulgado pela Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) reúne dados que mostram a evolução do setor e a importância dele para promover uma alternativa de desenvolvimento compatível com a floresta em pé.
Os dados da Diretoria de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas e Análise Conjuntural (Diepsac) da Fapespa mostram, por exemplo, que o número de empreendimentos de hospedagem passou de 9,2 mil para 12,2 mil no período de 2017 a 2022, indicando um crescimento de 33,2%. Por sua vez, o número de leitos teve um incremento da ordem de 36,3% indo de 17,5 mil para 23,9 mil.
Outro dado positivo vem do crescimento da estrutura de hospedagem nos municípios do interior. O destaque maior foi para Salinópolis, no nordeste do estado. que atingiu quase o dobro de expansão com 92,2%. Parauapebas, no sudeste paraense, cresceu 58,5%, e Santarém, na região oeste, avançou 57%.
Aliado a isso, os municípios também têm atraído mais visitantes. Dos mais de 700 mil turistas que o Pará recebeu em 2021, segundo a Secretaria de Estado de Turismo (Setur), 60,7% visitaram a Região Turística do Guajará, onde fica Belém, porém é grande a procura por outros destinos como Santarém e a Vila de Alter do Chão, que tem participação de 15,9% no volume de turistas.
Setor preparado para a COP30
Às vésperas da COP30, um dos pontos fortes destacado pela pesquisa é a oferta de serviços de infraestrutura para apoio a eventos. De 2017 a 2022, o número de empreendimentos ligados a espaços e suporte a conferências, festivais, congressos e similares saltou de 13 para 128, o que representa um crescimento de 884%.
Nesse segmento, os negócios de organização e promotores de serviços de infraestrutura representam 79,7% do total, seguidos pelas empresas de locação de equipamentos e montadoras de feiras, exposições e eventos, que têm participação de 11,7% e 8,6% no total, respectivamente. Segundo o estudo, os números refletem uma crescente demanda ligada ao turismo de eventos e o grande interesse que os eventos culturais, esportivos e corporativos realizados no Pará despertam no público.
“O estudo mostra dados positivos, que já são frutos de ações que estão sendo feitas. Neste momento em que Belém sediará uma COP, em 2025, não restam dúvidas de que o turismo, em suas mais diversas modalidades, é um dos principais elementos para se somar uma política de economia da floresta, com ênfase na preservação com desenvolvimento local, integrado e sustentável. O turismo será um dos grandes legados para nossa cidade”, disse o presidente da Fapespa, Marcel Botelho, à Agência Pará.
Para Marcio Ponte, pesquisador da Diepsac, um dos fatores que explica a evolução do setor é a proposta turística do estado baseado na chamada “economia da experiência”, que tira vantagem da conexão proporcionada pela cultura, pela musicalidade, o diálogo entre a floresta e os centros urbanos, entre outros aspectos.
“O turismo é um instrumento de interculturalidade, além de ser uma eficiente forma de educação e um eficaz viés de acesso aos bens naturais da Nação, por meio do intercâmbio cultural. A economia de experiência é um dos pontos fortes do turismo paraense, além de ser um propulsor importante da economia criativa. Temos características únicas e memoráveis, sobretudo pelos elementos que reforçam as atividades turísticas como alternativa ao desmatamento e como fomentadores da preservação ecológica e, consequentemente, do desenvolvimento sustentável”, avalia Marcio Ponte.