A Terra Indígena Baú, habitada por indígenas isolados Pu´rô, pelos Mebengokre Kayapó e Mebêngôkre Kayapó Mekrãgnoti, está um barril de pólvora. Uma operação da Polícia Federal nos últimos dias contra garimpeiros ilegais, e divulgada nesta terça-feira, 12/07, apreendeu em Novo Progresso (PA) seis balsas, seis motores, 23 munições e mais de 80 gramas de ouro em garimpos flagrados funcionando em sete pontos ao longo do rio Curuá, afluente do rio Xingu. Um garimpeiro foi multado em cerca de R$ 1 milhão. Não houve prisões, informou o site G1. Uma das balsas foi avaliada em R$ 2 milhões.
O conflito na TI envolve dois grupos indígenas divergentes: um contra o garimpo, majoritário, e um a favor, minoritário. Uma das causas é a reativação da conhecida “Pista Velha” por abrigar, em outros tempos, um pouso clandestino utilizado por garimpeiros.
Lideranças Kayapó estão mobilizadas desde maio contra o aumento atual da invasão da TI por garimpeiros, com relatos à Funai, ao Ministério Público Federal e ao Ibama. A etnia sofre, no entanto, com a exploração ilegal de minério em suas terras, situadas ao longo dos afluentes do rio Xingu, há pelo menos 40 anos. Além disso, estão contaminados por mercúrio, conforme revelou um estudo solicitado pelo próprio Ministério Público Federal em 2019, quando se detectou concentrações do elemento tóxico no organismo dessa população indígena acima do considerado seguro pelas Organização Mundial de Saúde (OMS).
“Os garimpeiros fugiram ao ver a chegada da operação”, informou a PF sobre a operação dos últimos dias.
Boiada em Roraima
O garimpo ilegal tem mobilizado governantes da Amazônia Legal para que suas balsas não sejam destruídas, ou seja, para que deputados e governadores passem por cima de lei federal que determina a destruição desses equipamentos apreendidos em operações de fiscalização. É o que está ocorrendo agora em Roraima.
O deputado estadual George Melo (Podemos), autor de uma lei que busca essa finalidade, disse a uma rádio que o poder público local teria uma “dívida histórica” com os garimpeiros. É isso mesmo: para ele, essa turma fará de Roraima o Estado mais rico do mundo. Curioso é que, a despeito de décadas de garimpo desenfreado no Estado, inclusive com anuência de autoridades locais, Roraima continua sendo um dos mais pobres e subdesenvolvidos do Brasil. Além do mais, o Ministério Público Federal já afirmou e reafirmou que essa proposta de lei é inconstitucional.