O buriti ou miriti é uma das espécies mais versáveis da flora amazônica, sendo utilizado na alimentação, na produção de artesanato e também como matéria-prima para biocosméticos. A grande disponibilidade na região e as diferentes possibilidades de aplicação tornam o fruto valorizado no setor da bioeconomia e um indutor de desenvolvimento para as comunidades amazônicas.
Com o objetivo de estimular a geração de trabalho, renda e senso de pertencimento a partir da valorização dos produtos e subprodutos da biodiversidade, a professora Zilda Santos, da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), coordena o estudo “Integração da comunidade Ererê à cadeia de valor do buriti como estratégia de fomento à Bioeconomia Paraense”.
O trabalho conta com apoio da Fundação Amazônia de Amparo a Estudos e Pesquisas (Fapespa) por meio de um edital especifico para projetos sobre bioeconomia e do Instituto de Desenvolvimento Florestal e da Biodiversidade do Estado do Pará (Ideflor-Bio) para desenvolvimento de atividades científicas na Área de Preservação Ambiental (APA) Estadual Paytuna, no município de Monte Alegre, no oeste do estado.
As ações incluem a produção de inventários do potencial extrativista do buriti e outros produtos florestais de uso tradicional da região; o apoio ao manejo florestal na APA, com foco na cadeia de valor do buriti; a oferta de formações e capacitações voltadas ao fortalecimento das organizações comunitárias, entre outras.
Segundo a professora, a expectativa é que o projeto contribua para o fortalecimento da organização das comunidades, o levantamento do potencial produtivo dos derivados do buriti e a formação de arranjos institucionais capazes de ampliar as possibilidades de geração de renda entre a população da APA.
“O lançamento de uma chamada específica para projetos de Bioeconomia pela Fapespa demonstra inclusive o alinhamento do governo estadual para a implementação do PlanBio. No caso específico do nosso projeto, destaco ainda o suporte que recebemos de outra organização do Governo do Estado, o Ideflor-Bio, o órgão gestor da APA Paytuna, onde a comunidade está inserida, e que tem nos apoiado com suporte logístico também”, disse Zilda Santos à Agência Pará.
Tomando como referência o Plano Estadual de Bioeconomia (PlanBio), diferentes órgãos da governo estadual têm atuado em uma estratégia de política integrada para alavancar o setor em seus diferentes eixos. No caso da pesquisa científica, a Fapespa já investiu mais de R$ 11,3 milhões em projetos alinhados à bioeconomia.
“A pesquisa científica é um dos pilares do PlanBio, e daí a importância de a Fapespa aportar recursos para financiar esses estudos, até mesmo para que os outros pilares tenham sucesso, bem como para a valorização do conhecimento tradicional e apoio às principais cadeias produtivas do estado. O uso da floresta de maneira sustentável depende de tecnologia, depende de pesquisa, depende de inovação e é isso que estamos fomentando”, ressalta o presidente da Fundação, Marcel Botelho.