O brasileiro já lida com aumento do preço da carne há um ano. O acumulado do ano chega a 11,57% e, em 12 meses, a 21,51%, segundo o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). De acordo com a entidade, houve queda de 0,78% no preço do produto ao consumidor em outubro, mas que não compensa a perda dos últimos 12 meses. Para piorar, ainda vigora o embargo da China à carne brasileira após ocorrência da doença da vaca louca no Brasil.
Um novo capítulo desse imbróglio que afeta o preço da carne, especialmente a suína e de frango, vem da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A entidade alertou na segunda-feira, 8/11, que os preços ao consumidor da carne de frango, da carne suína e seus subprodutos poderão ser impactados já no primeiro trimestre de 2022, caso não ocorra a prorrogação do modelo de Contribuição Previdenciária sobre Receita Bruta (CPRB), a chamada “desoneração da folha de pagamento”.
Em vigor desde 2011 por meio da Lei 12.546/11, a CPRB foi estabelecida para estimular a geração de emprego e renda em cadeias produtivas de setores intensivos em mão de obra, como é o caso da cadeia agroindustrial da avicultura e da suinocultura, e outros 15 setores. O objetivo é que o prazo para a manutenção da desoneração seja estendido por mais quatro anos – caso contrário, terminará no final de dezembro deste ano.
De acordo com o presidente da ABPA, Ricardo Santin, a reoneração dos setores – com a alteração do modelo tributário – deverá causar impactos diretos nos custos de produção, agravando o quadro inflacionário decorrente das altas de insumos (como ração, combustíveis e embalagens).
“No início da pandemia, nosso setor produtivo, considerado essencial à estabilidade social, foi convocado a manter a produção. Em resposta, incrementamos a oferta de alimentos e o consumo per capita de produtos avícolas e suinícolas cresceu. Agora, o quadro poderá ser inverso com mais altas nos alimentos, caso não ocorra a prorrogação da desoneração”, disse.
Outra consequência imediata é a provável suspensão das contratações pelo setor produtivo, que vem incrementando a oferta interna e as exportações de carne de frango e de carne suína.
“Apenas no ano passado, contratamos mais de 20 mil trabalhadores, que se somaram aos cerca de 500 mil colaboradores diretos em nossas fábricas. Com o aumento dos custos e a perda de competitividade, não teremos como manter o ritmo de contratações, e ainda corremos o risco de demitir em meio à esperada retomada econômica”, avaliou o presidente da ABPA.
Os 17 setores correm contra o relógio para sensibilizar parlamentares e o Governo Federal. Diversas autoridades do Executivo e Legislativo já demonstraram apoio à manutenção da medida, que está sob apreciação da Comissão de Constituição e Justiça.
“É importante ressaltar que todos estes setores já recolhem impostos. Não se trata de isenção de contribuição e, sim, de um programa que incentiva a criação e a manutenção de empregos pelo País”, conclui o presidente da ABPA.
Fonte: Própria com ABPA