A extração do látex da seringueira foi responsável por um boom na economia da Amazônia, décadas atrás, porém a atividade viveu períodos de retração devido à forte concorrência da borracha produzida nos seringais asiáticos. O projeto de Reativação dos Seringais Nativos – Marajó Sustentável busca dar um novo impulso a esse ramo, favorecendo também o desenvolvimento social no arquipélago.
Para isso, uma equipe técnica da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), de secretarias municipais de agricultura, empresas de assistência técnica e extensão rural, Banco da Amazônia (Basa), sindicatos de trabalhadores rurais e outras organizações promoveram uma programação de alinhamento para implementação de crédito aos beneficiários do projeto.
O Marajó Sustentável é executado pelo Polo de Proteção da Biodiversidade e Uso Sustentável dos Recursos Naturais (Poloprobio) e conta com duas mil famílias atendidas em Portel e outras 3.320 nos municípios de Melgaço e Anajás. Além disso, a iniciativa mantém uma fábrica em Castanhal com o nome Seringó, onde são produzidos calçados com borracha natural oriunda dos seringais marajoaras.
Uma das ações é a distribuição do chamado “kit seringueiro”, composto por faca para sangria completa, canecas de plástico de 800 ml, bicas, coagulante e água sanitária que servem para a extração do látex. Depois, o recurso é utilizado como matéria-prima para a fabricação dos calçados com base em uma tecnologia desenvolvida pelo ecologista e fundador do Poloprobio, Francisco Samonek, em parceria com indígenas e seringueiros do estado do Acre.
“Nós estamos no Marajó com essa iniciativa da borracha há mais de 10 anos, e como a gente tem o interesse de expandir por conta do mercado de borracha que hoje está crescente no Brasil e no mundo, por conta da necessidade de sustentabilidade, é muito importante essa visita técnica com a inclusão da Emater (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural) e do Banco da Amazônia para ajudar a gente a construir a grande proposta de desenvolvimento para o Marajó”, disse Samonek à Agência Pará.
A ampliação da assistência técnica e a oferta de linhas de crédito que beneficiem os extrativistas deve contribuir para a expansão do trabalho em uma perspectiva sustentável. A expectativa é que 10 mil famílias sejam beneficiadas em todas as etapas do processo de produção.
Para o titular da Sedap., Giovanni Queiroz, os diferenciais do projeto também precisam ser reconhecidos no mercado pelo impacto positivo que têm na conservação da floresta.
“Aqui são processados e fornecidos ao mercado inúmeros produtos, ampliando cada vez mais o mercado e fornecendo a outros parceiros. Essa seringa vem dos ribeirinhos do Marajó, com um preço diferenciado pelo custo de sustentação da área onde se extrai a seringueira”, destacou o secretário.